segunda-feira, 30 de junho de 2008

Explicação do Negócio da Agel - parte X

Neste última parte da série, abordarei algumas tentativas em forçar e deturpar a realidade (essencialmente por parte de alguns membros da rede) e falarei de algumas alíneas hilariantes que estão incluídas no contrato (ou "acordo", como preferirem).

A ferramenta de auto-ship (ou de "envio automático") mensal.

Uma das primeiras coisas que é transmitida e encorajada aos novos membros, quando entram para rede, é a de ligarem o "auto-ship", ou seja, de colocarem determinados produtos (à escolha), em determinas quantidades (à escolha, embora seja feita pressão seja para que sejam pelo menos duas caixas), num sistema de auto-envio. Creio até que no acto de inscrição, este é um dos passos presentes no processo informático.

Desta forma não necessitam de estar a aceder ao sistema todos os meses para efectuar encomendas que são necessárias para receber os bónus do plano. Tudo é processado de forma automática.

É simples, cómodo e evita esquecimentos. Certo?

Errado.

Bem... embora a afirmação esteja tecnicamente certa, as razões para vos pedirem que liguem o auto-ship não são bem estas. Como toda a gente já percebeu, e como vem sendo evidenciado nas mensagens anteriores, quem entra de início para a rede pode passar por um período inicial em que as receitas são inferiores aos custos (e o mais provável é nunca vir a sair dessa situação). Na maioria dos casos, enquanto não se tiver construído um downline volumoso, não há lugar a lucros. Ora, tendo em conta esta realidade, e pensando nas coisas de um ponto de vista meramente económico, não compensa encomendar produtos enquanto as receitas não forem superiores aos custos dessas encomendas (e a alternativa, durante este período, é encomendar o mínimo possível, uma caixa a cada três meses, para não se ser expulso da rede). Ligar o auto-ship logo de início é ignorar esta regra simples. É voluntariamente estar a pagar dinheiro, logo ao início do mês, sem se saber se no final desse mesmo mês à direito a lucros ou a prejuízos. Sem o auto-ship ligado, um membro pode esperar até ao último dia para ver se nesse mês compensa ou não encomendar o produto.

Claro que se toda a gente agir desta forma - se toda a gente estiver à espera dos outros para efectuar encomendas - a rede toda "perde" dinheiro! Em contrapartida, se as cinco hierarquias de baixo (97% do total de inscritos) estiverem a encomendar caixas de produto todos os meses de forma regular, as hierarquias de cima (com 3% do total de inscritos) têm rendimentos exponencialmente superiores. Quantas mais caixas em auto-ship encomendas por mês, melhor para os de cima (porque ganham mais dinheiro) e pior para os de baixo (porque perdem mais dinheiro). O "sucesso monetário" dos de cima (e da Agel, também) depende, de certa forma, do jeito em convencerem os de baixo a ligarem esta opção.

Algumas destas tentativas passam por ridículas, como a da imagem seguinte, retirada de uma apresentação Powerpoint, que tenta convencer o leitor de que o auto-ship evita problemas de acumulação de stocks (hahaha - só se for para a Agel...). A imagem diz ainda que é "uma forma cómoda de receber os produtos em casa" - será que se forem encomendados sem ser em autos-ship serão recebidos de forma "incómoda"? (isto é só para focar o aspecto da completa insipiência de alguns argumentos).




Outra tentativa, que aparece mais desenvolvida no manual de iniciação Agel, é dar a ideia de que encomendar várias caixas por mês (duas, quatro, ...) representa um "investimento em vós próprios" - porque podem sempre usar o excesso de produto para promoverem o negócio, oferecendo-o como amostras...

Finalmente, e talvez esta seja a tentativa mais "intimidatória", é fazer passar a ideia de que apenas com o auto-ship ligado, e com a encomenda mínima de duas caixas por mês (também está na figura), se pode receber os bónus do plano. Há de facto alguns bónus que necessitam de duas caixas como encomenda mínima, mas estes só estão acessíveis muito mais tarde, para quem tiver realmente um downline gigantesco, e de qualquer maneira não requerem o auto-ship ligado (pelo menos que eu saiba).

O auto-ship não é uma opção obrigatória, mas há, aparentemente, uma situação concreta em que este estatuto pode ser diferente. Quem estiver inscrito no plano Executivo, e para poder receber o "Bónus Executivo", para além de ter de encomendar duas caixas de produto todos os meses, poderá ter de ligar esta "opção". A Agel tem, no FAQ que disponibiliza no site oficial, uma explicação acerca disto, que em vez de esclarecer o assunto, ainda o baralha mais:

"Existe alguma penalidade prevista para o cancelamento de um Envio Automático? Não. Pode cancelar ou alterar o seu Envio Automático em qualquer momento. Se o seu nível for Executive tem de encomendar, pelo menos, duas caixas de produtos todos os meses para se manter qualificado para participar na porção de Executive Bonus do Plano de Pagamento da Agel."

É curioso que seja a propósito do plano Executivo que haja algo a esclarecer. Estamos a falar de um plano que não está explicado em parte alguma da documentação Agel, e ao qual surge uma alusão nesta página de FAQ meia escondida. Daquilo que está aqui explicado, dá a entender que mesmo sem o auto-ship há direito a receber o Bónus executivo. Mas não é certo que assim seja...

Se assim não for, se o auto-ship for de facto necessário para o receber, então o dito bónus é uma espécie de lotaria: encomendamos duas caixas de produto no início do mês sem sabermos se, no final desse mês, o bónus é mais elevado do que a despesa inicial.

As representações exageradas de rendimentos

O seguinte quadro foi retirado de um fórum criado por membros da Agel (aqui), mas já vi outros quadro semelhantes (ou mesmo idênticos) em outros sites. O título que o apresenta refere "ganhos médios, Dezembro 2007".

O grande problema deste quadro, e para a além da objectiva falta de informação a esclarecer de onde vêem estes valores, qual foi o universo de amostragem, e como foram feitos calculos, é o exagero oportunista, para melhor, dos rendimentos por nível, já para não mencionar que não está representado o escalão de entrada na rede, o de simples Team Member, e que aloja cerca de 98,5% do total de inscritos. É possível que certas pessoas ganhem os valores apresentados no quadro e em relação ao seu escalão, mas serão uma muito pequena minoria em relação ao total, e nunca serão seguramente uma representação fiel da média total.

Só para dar um exemplo, no escalão inicial, de Manager, a única maneira de fazer 1.100 dólares num mês é através do recrutamento de alguns Executivos e/ou de muitos Básicos. Só com os cálculos das Comissões de Volume de Equipa não se chega lá. O escalão de Manager é atingido para quem tem 2.000VC na perna menor, e é mantido até aos 4.000VC (exclusive).

Para 2.000VC na perna menor temos 200$ ao final do mês
Para 3.000VC na perna menor temos 300$ ao final do mês
Para 3.995VC na perna menor temos 395,5$ ao final do mês

Podemos ainda contar com o Bónus Executivo, e pensar que, no máximo, este pode chegar aos 300$ se a perna mais fraca tiver crescido 3.995VC nesse mês e se a recompensa for de 100$ por cada acção. (e não esquecer que para o ganhar são necessárias duas caixas de encomenda mínima nesse mês).

Tudo junto, não chega sequer a 700$ em receitas.

Contudo, se houver algum recrutamento à mistura, digamos umas sete ou oito pessoas, entre Básicos e Executivos, então podemos atingir de facto os 1.100$ e até mais. O quadro, ao contrário de mostrar a realidade, afigura-se-me como uma selecção de alguns exemplos de topo, em pico de rendimento, escolhidos propositadamente para sustentarem uma mentira.

Para a pessoa que fez este quadro, da próxima vez que se dedicar a apresentar cálculos destes, ao menos tenha a decência de mostrar em que é que se basearam as contas e qual foi o universo de amostragem escolhido.

Como isto não é um documento oficial Agel, se houver problemas com a justiça (como já houve no passado com outras companhias de MLM que apresentaram valores de receita exagerados) a empresa pode muito bem lavar as mãos e dizer que não é nada com ela.


O contrato - algumas partes interessantes

Esta parte é um bocado extensa, mas contém repetições propositadas, derivadas das traduções efectuadas. Texto original está em tons normais, as traduções estão a verde, e os meus comentários estão a azul. As partes a negrito foram destacadas por mim.


6.4 To prohibit “inventory loading,” the Team Member agrees to the following inventory rules:

Para prevenir “acumulação de stock”, o Membro concorda em seguir as seguintes regras:

6.4.1 A Team Member shall not order any product for inventory unless at least seventy percent (70%) of Member’s previously ordered inventory of that product has been sold or consumed.

Um Membro não encomendará nenhum produto a não ser que tenha vendido ou consumido pelo menos setenta porcento (70%) da encomenda anterior desse produto.

6.5 The Seventy Percent (70%) Rule. The Company Sales Program is based on sales at retail and not on maintaining an inventory of products. At the time of each order, a Team Member must have sold or consumed at least seventy percent (70%) of their previous inventory of that product before re-ordering and must be able to certify to such if demanded by the Company or by any regulatory agency.

A regra dos setenta porcento (70%). O Programa de Vendas da Companhia baseia-se nas vendas a retalho e não na acumulação/manutenção de um stock de produtos. No momento de cada encomenda, o Membro tem de ter vendido ou consumido pelo menos setenta porcento (70%) da encomenda prévia desse produto e tem de conseguir comprová-lo, caso tal lhe seja pedido pela Companhia ou por uma agência reguladora.

6.6 Each Team Member, upon request from the Company should be able to furnish a statement documenting such sales and listing at least four (4) individual customers. Team Members are required to maintain all Retail Sales Receipts for a period of two (2) years and must furnish them to the Company, upon request. If a Team Member does not comply with this requirement, the Team Member is subject to discipline by the Company.

Sempre que for pedido pela Companhia, cada Membro deve ser capaz de apresentar um documento comprovativo destas vendas, listando pelo menos quarto clientes diferentes. Os Membros são obrigado a manter todos os recibos de vendas por um período de dois anos e, se necessário, devem ser capazes de os apresentar à Companhia. Se um Membro não o fizer, fica sujeito a ser “disciplinado” pela companhia.


Eis a famosa "regra dos 70%", uma das que serviu para ilibar a Amway de ser considerada uma pirâmide, no célebre caso de 1979, FTC vs Amway, nos Estados Unidos, e que na altura era mais exigente do que actualmente, pois não havia esta possibilidade de consumo.

Pois bem, o que eu acho desta regra, tanto a de hoje como a de antigamente, é que é a coisa mais estúpida e acefala que alguma vez foi introduzida num contrato de Vendas Directas, entre uma empresa e os seus distribuidores. E não me estou a referir apenas à Agel, estou a criticar a própria lógica da regra.

O que se passa é o seguinte: imaginem a regra como ela era antigamente, sem a parte do consumo, algo do género: "No momento de cada encomenda, o Membro tem de ter vendido pelo menos setenta porcento (70%) da encomenda prévia desse produto". Se por acaso o distribuidor quiser consumir uma parte da sua encomenda actual (e que deve ser a coisa mais natural do mundo, dada a situação), então ele tem de ter encomendado a mais no mês anterior, em quantidade suficiente para cumprir com a obrigação de vender. Tomemos com exemplo o caso da Agel. Se um distribuidor quisese consumir uma caixa de produto, para satisfazer esta regra ele teria de ter encomendado pelo menos quatro caixas desse produto no mês anterior, e de ter vendido três delas (75%). Em alternativa, caso tivesse encomendado menos de 4 caixas, teria de ter vendido todas elas (visto que duas caixas apenas fariam 66%)... É uma situação imbecil, no mínimo.

Agora imaginem a regra actual, a que está enunciada no contrato Agel:
"No momento de cada encomenda, o Membro tem de ter vendido ou consumido pelo menos setenta porcento (70%) da encomenda prévia desse produto". Aparentemente esta adição resolve o probelma. Mas cria uma nova situação de acefalia, porque anula qualquer possibilidade de validação da regra que tenta criar: se alguma vez um Membro Agel quiser fazer uma encomenda apenas para poder receber as suas comissões, basta-lhe dizer que consumiu o produto, mesmo que isso possa não corresponder à realidade. Não há nenhum documento comprovativo do consumo, ou há?

Concluindo, a existência desta lenga-lenga toda no contato é igual a NADA. Tanto fazia colocar isto como não colocar. É uma regra que não pode ser controlada, mesmo que houvesse vontade para tal. Por consequência, a regra seguinte, respeitante à apresentação obrigatória de facturas comprovativas de vendas (em caso de pedido), fica também sem qualquer interesse ou efeito prático.

Que idiotice pegada!

Mas será que não há ninguém que repare nisto?

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7.1 Unless otherwise stated by the Company for a specific country or region, a new Team Member who is dissatisfied with their first product purchase shall request a refund, credit or exchange within thirty (30) calendar days after the date of shipment of the product. If the Company is notified within the thirty (30) calendar-day period, and if the product is in resalable condition, the Company will refund the full price of the product purchase less shipping charges, bonuses, taxes and commissions paid. The enrollment fee of thirty-five dollars ($35.00) is not refundable. A Team Member’s request of a one hundred percent (100%) refund on their first order will be notice to the Company as a cancellation of that Team Member’s organization.

A não ser que seja estabelecido pela Companhia para um Mercado/país específico, um Novo Membro que esteja insatisfeito com a primeira encomenda de produto poderá pedir uma devolução de dinheiro, um crédito, ou uma troca, nos primeiros trinta (30) dias a contar da data de envio do produto. Se a Companhia for notificada nesse período de trinta dias, e se o produto devolvido estiver em condições de venda, a Companhia devolverá ao Membro a totalidade do preço do mesmo menos custos de transporte, bónus, taxas e comissões eventualmente pagas. A taxa de inscrição de trinta e cinco dólares ($35) não é devolvida ao Membro. A um pedido por parte de um Membro em receber uma devolução de cem porcento (100%) nos produtos da primeira encomenda corresponderá um pedido de cancelamento de contrato desse Membro.

Nesta alínea há um aspecto MUITO interessante, talvez até um descuido por parte da Agel, e prende-se com esta parte a negrito, no fim do texto. O que isto pode querer dizer, grosso modo, é que podemos entrar com um plano Executivo, e devolver todas as caixas de produto menos uma (evitando assim atingir os 100% anunciados), até final do mês, que continuaremos a ser membros da rede como Executivos. Interessante, não?

Por outro lado, temos um aspecto NADA interessante, e até mesmo repugnante, e que é o curto prazo para devolver os produtos, algo de que já tenho falado em mensagens anteriores e que considero criminoso (seis meses, no mínimo, é o prazo que considero aceitável), especialmente tendo em conta que o produto tem garantia de um ano e tendo em conta que a DSA obriga as empresas suas associadas e darem mesmo UM ANO de prazo de devolução, com direito a 90% de reembolso no valor (e daí que não se compreenda como é que a Agel continua a ser associada da DSA... e daí que pense que o associativismo à DSA não passe de uma farsa... e daí que ache mesmo piada quando alguns membros da rede apresentem a DSA como comprovativo de que a Agel não é uma pirâmide...).

7.2 Customer Return Policy. The Company has a one hundred percent (100%) money-back guarantee on all of its products for retail sales. It is the responsibility of each Team Member to refund the purchase price to any unsatisfied customer. The customer’s request must be made within thirty (30) calendar days of the date of the product purchase to be valid unless a longer period of time is required by law, and the product must be in resalable condition. The Company will refund the full price of the product purchase less shipping charges

Política de Devolução de Produtos a Clientes. A Companhia oferece uma garantia de devolução de 100% em todos os produtos que sejam para vender a retalho. É da responsabilidade de cada Membro devolver o dinheiro do produto a qualquer cliente insatisfeito. O pedido de devolução por parte dos clientes deverá ser feito dentro de um prazo de 30 dias a contar da data da compra, a não ser que um período mais longo seja requerido por lei, e o produto deverá estar em condições de voltar a ser vendido. A Companhia devolverá o preço total do produto menos custos de transporte.

7.3 After the first product purchase, and for an auto-ship order, a Team Member shall request a refund within thirty (30) calendar days after the date of shipment of the product. If the request is made within a thirty (30) calendar day period, and if the product is in resalable condition, the Company shall charge a twenty percent (20%) restocking and processing fee and refund eighty percent (80%) of the product purchase price, less shipping charges, bonuses, taxes or commissions paid to the Team Member.

Após a Primeira Compra de produto, e para uma encomenda em auto-ship, um Membro poderá pedir uma devolução dentro de um prazo de 30 dias a contar da data de envio do produto. Se o pedido tiver sido feito dentro deste prazo e se o produto devolvido estiver em condições de venda, a Companhia cobrará uma taxa de 20% por custos administrativos e devolverá ao Membro 80% do preço de encomenda do mesmo, menos custos de transporte, bónus, taxas e comissões eventualmente pagas.

Potencial Problema: e se a encomenda não tiver sido feita em auto-ship? O produto pode ser devolvido à mesma, ou não? (não é que faça assim muita diferença - não estou a ver ninguém a querer devolver uma ou duas caixas de produto para poder receber 80% do seu valor, ainda para mais pagando custos de transporte para a Holanda, mas ainda assim, fica a pergunta).

7.4 The Company shall provide a refund, as set out in this Section, upon the Team Member or Customer complying with the following procedures:

A Companhia pagará uma devolução, tal como descrito nesta secção, na concordância de que o Membro ou Cliente respeite os seguintes procedimentos.

7.4.1 The Team Member desiring to return product for a refund must call the Company’s Customer Service and receive a Return Merchandise Authorization number (hereinafter referred to as the “RMA”).

O Membro que deseje devolver o produto e receber uma devolução deverá ligar para a Linha de Atendimento a Clientes de forma a receber uma Autorização de Devolução de Mercadoria (doravante designada por “RMA”)

7.4.2 The Team Member must provide the following in a letter to the Company (1) the reason for the return, (2) the RMA number on the company’s return request form to be completed, filled out by the Team Member and (3) a copy of the original dated Agel invoice.

O Membro deverá apresentar à Companhia, por carta, (1) as razões da devolução, (2) o número do RMA no formulário a ser preenchido pelo Membro e (3) uma cópia da factura original da Agel.

7.4.3 The shipping to the Company must be prepaid by the Team Member. The Company does not accept shipping-collect packages.

Os custos de devolução do produto à Companhia deverão ser pagos à cabeça pelo Membro. A Companhia não aceita pagar custos de devolução a serem cobrados no destino.

7.5 In no event shall the Company refund shipping expenses for the delivery or the return product.

A Companhia não pagará custos de transporte inerentes a devoluções de produto sob nenhum pretexto.

7.6 The Company must receive the returned product within fifteen (15) calendar days of providing to the Team Member an RMA.

A Companhia deverá receber os produtos a devolver num prazo de 15 dias a contar da entrega do RMA ao Membro.

7.7 In order for the product to be in resalable condition, the carton containing the product must not be damaged, the shrink wrap shall not have been opened, the carton shall contain all of the individual packets and no packets shall have been opened or damaged.

Para um produto estar em condições de voltar a ser vendido, a embalagem que o contem não pode estar danificada, ao plástico protector não pode estar aberto, a embalagem deve conter todos os pacotes e nenhum pacote poderá estar aberto ou danificado.

7.8 The Company agrees to post the return policy for a specific country or region that differs from the return policy set out herein.

A Companhia compromete-se a publicar a Política de Devolução de Produtos para um determinado país ou região em caso desta diferir das regras aqui especificadas.

7.9 The Company’s return policy may be modified to comply with applicable laws, regulations or ordinances.

As Política de Devoluções da Companhia poderá ser modificada de forma a ajustar-se às leis e regulamentos aplicáveis num determinado local.

7.10 The Team Member agrees that the Company shall not provide a refund for product returned after the specified period set out in the return policy. If a Team Member returns product to the Company, and no refund is due, the Team Member authorizes the Company to re-inventory the product for resale or to use the product for samples.

O Membro concorda/aprova que a Companhia não proceda à devolução de dinheiro por um produto devolvido para além do prazo especificado na Política de Devoluções. Se um Membro devolver produtos à Companhia e não houver direito à devolução de dinheiro, o Membro autoriza a Companhia a reutilizar o produto para nova venda ou para amostras.

7.11 Team Members are subject to adjustments of commissions paid on product returned by Team Members in their organization.

Os Membros estão sujeitos a ajustamentos nas comissões pagas em função nos produtos devolvidos por outros membros na sua Organização.

7.12 The Company will not make cash refunds. Refunds will be credited to the credit or debit card charged by the Company for the same order.

A Companhia não fará devoluções em dinheiro. As Devoluções serão creditadas no cartão de crédito ou débito através dos quais os produtos foram encomendados.

7.13 A Team Member who disputes the payment of product on their credit card and the product has been sent by the Company, will be immediately terminated.

Um Membro que cancele o pagamento do produto no cartão de crédito e a quem o produto já tenha sido enviado pela Companhia será imediatamente “extreminado” ;-).

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13.1 A Team Member has a right to cancel at any time, regardless of reason. Cancellation must be submitted in writing to the Company at its principal business address or must send an email to www.help@agel.com (Please see Terms and Conditions attached as an addendum.)

Um Membro tem o direito de cancelar o contrato a qualquer altura, independentemente da razão. O Cancelamento deverá ser submetido por escrito à Companhia para a sua morada principal ou então através do e-mail www.help@agel.com

8.4 A new Team Member’s primary source of business income is derived from selling the products at the suggested retail price.
The retail profit is the difference between the Retail Price and the Team Member price of the product, less shipping costs.

A fonte primária de receitas de actividade para um Novo Membro é derivada da venda de produtos ao preço de venda a retalho sugerido. O lucro do retalho é a diferença entre o preço dessa venda e o preço de compra que o Membro pagou pelo produto, menos despesas de transporte.

SEM COMENTÁRIOS

8.5 When a retail sale is made, Team Members will provide their customers a complete Retail Sales Receipt and will honor any customer request to cancel the transaction within three (3) business days of the date of purchase, if required by law.

Quando uma venda a retalho for realizada, os Membros entregarão aos clientes uma factura detalhada e honrarão qualquer pedido de cancelamento de transacção num prazo de três dias úteis a contar da data de compra, se requerido por lei.

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9.1. Actual, implied or potential income representations or claims regarding the Company’s program are strictly prohibited.

É estritamente proibida a divulgação de ganhos relacionados com o programa da Companhia, sejam estes reais, sugeridos ou potenciais.

Esta alínea deve ser para rir. Dá-me ideia, e isto sou só eu a pensar alto, que a Agel tem medo que os seus Membros revelem situações de prejuizo continuado... será? Mais uma regra para ignorar; representações sugeridas não faltam às dezenas por aí, sempre a insinuar que se ganham balúrdios. A mim apresentaram-me o negócio dizendo que o não-sei-das-quantas, que era o sponsor de outro não-sei-das-quantas (não memorizei nomes, desculpem-me), estava há três meses na rede e já ganhava 3.000€... E depois, basta olhar para aquele quadro que apresentei ali em cima para se ficar com uma ideia do controlo efectivo que a Agel anda a impor no terreno.

E alguém compreende por que razão não há um Membro de TER DIREITO a revelar quanto é que ganha, realmente, por opção própria? Dêem-me UMA razão válida. Só uma...
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11.1 Team Members shall comply with all country, federal, state and municipal laws relating to Team Members’ businesses and shall not engage in any unlawful or illegal trade practices or business activity. Team Members shall conduct their businesses in a manner that reflects the highest standards of honesty, integrity and responsibility towards customers (Please see Terms and Conditions attached as an addendum.)

Os Membros cumprirão com todas as leis estatais, federais, distritais e municipais relativas ao negócio de Membro da companhia e não se envolverão em práticas ou actividades ilegais ou ilícitas. Os Membros conduzirão o negócio de uma maneira que demonstre os mais altos standards de honestidade, integridade e responsabilidade para com os consumidores (ver “Termos e Condições” anexos)

Será que esta regra prevê o Decreto-lei 143/2001 da constituição portuguesa? Mas há mais, leiam as sub-alíneas seguintes...

11.2 The Company prohibits a Team Member from participating in any activity that is unethical. The Company has an unfettered right to intercede when unethical behavior is evident and when such behavior violates the Agreement. The Company reserves the right to use its best judgment in deciding whether certain Team Member activities are unethical and, if determined to be so, to act accordingly.

A Companhia proibe um Membro de participar em qualquer actividade que não seja ética. A Companhia tem o livre direito de interceder quando algum comportamento sem ética seja evidente e quando tal comportamento viole este acordo. A Companhia reserva-se ao direito de melhor ajuizar para decidir se as actividades de determinado Membro são ou não éticas e, caso determine que não sejam, de agir em conformidade.

11.3 Although not intended to be an inclusive/exclusive list, the Company provides the following examples of activities and conduct that is considered unethical:

Apesar de não pretender que a lista seguinte seja inclusive/exclusiva, a Companhia disponibiliza os seguinte exemplos de actividades e de condutas que considera sem ética.

11.3.1 Developing, promoting or selling product in a retail outlet;

Desenvolver, promover, ou vender produto a retalho numa loja.

11.3.2 Directly or indirectly supplying products via another person for the
promotion or sale of product in a retail outlet;

Fornecer directa ou indirectamente produtos a outras pessoa para serem promovidos ou vendidos a retalho numa loja.

11.3.3 Cross-sponsoring;

Recrutamento-cruzado

1.3.4 The unauthorized use of another person’s credit card;

O uso não autorizado do cartão de crédito de outra pessoa

11.3.5 Misrepresenting or exaggerating the efficacy of the products;

Divulgação errada ou exagerada da eficácia dos produtos.

11.3.6 Making income representations or intentionally misrepresenting the Pay Plan;

Fazer a divulgação das receitas ou intencionalmente má divulgação do Pay-Plan

11.3.7 Engaging in any deceptive or unlawful trade practice or other illegal or unlawful activity,

Colaborar com qualquer prática de comércio enganadora ou ilícita ou em qualquer outra actividade ilícita.

11.3.8 Failing to submit advertisements or proprietary sales material bearing the Company’s name for approval prior to publication;

Publicar materiais de apoio às vendas/promocionais que tenham o nome da Companhia sem antes os ter submetido para aprovação.

11.3.9 The use or misuse of the Company’s name, likeness or logo in print or electronic media advertising without express written consent of the Company;

O uso ou uso abusivo do nome, “aspecto visual” ou logotipo da Companhia em anúncios impressos ou mídia electrónica sem o expresso consentimento, por escrito, da Companhia.

11.3.10 The use or misuse of the Company’s logo or trademark in any
sponsoring or recruitment advertising or any financing activity without the express written consent of the Company;

O uso ou uso abusivo do logotipo ou marca registada da Companhia em qualquer anúncio para recrutamento ou sponsoring ou relativo ao qualquer actividade de financiamento sem o expresso consentimento escrito da Companhia.

11.3.11 The misuse of the Company’s corporate name;

O uso abusivo do nome corporativo da Companhia

11.3.12 Any unauthorized duplication of Company literature;

Qualquer cópia não autorizada da “literature” da Companhia.

11.3.13 Any violation of the Company’s Policies and Procedures;

Qualquer violação às cláusulas enunciadas neste mesmo documento.

11.3.14 Intentionally circumventing the Agreement to perform, effectuate or
accomplish indirectly what is prohibited directly;

Contornar intencionalmente o Acordo para firmar, efectuar ou conseguir aquilo que é proibido directamente.

HAHAHAHA - Gosto particularmente desta cláusula... faz-me lembrar os malabarismos utilizados por certas redes de MLM para iludirem as leis sobre pirâmides.

11.3.15 Making derogatory remarks regarding the Company, other Team
Members, the Company’s products, the Sales Compensation Plan, or the Company’s executives, directors, officers, or employees;

Fazer comentários depreciativos a respeito da Companhia, de outros Membros, de produtos da Companhia, do Plano de Compensações, ou de executivos, directores, ou empregados da Companhia

11.3.16 Representing or implying that the Company’s products or Sales
Compensation Plan has been reviewed, endorsed or approved by any regulatory agency;

Divulgar ou dar a entender que os Produtos da Companhia ou o Plano de Compensações foram analisados ou aprovados por qualquer agência reguladora.

Isto lembra-me certos comentários a propósito da "certificação" da ASAE...

11.3.17 In no case shall the name of Agel appear in any URL except those owned by the corporation; and

Em caso algum o nome da Agel não aparecerá em qualquer URL, excepto naqueles que são proprietários da Companhia

11.3.18 Team Member may not sell, offer, barter or facilitate the sale of products or Agel Team Memberships on websites where an auction is the mode of selling/buying. A Team Member may not employ or contract with others to violate this policy.

Um Membro não pode vender, oferecer, negociar ou facilitar a venda de produtos ou Lugares de Membro na Agel em sites na web em que um leilão seja o modo de comércio. Um Membro não pode usar ou contratar outras pessoas de forma a violar esta política.

E isto lembra-me certos sites de leilões, onde se vendem não só produtos da Agel a preços muito inferiores, como também posições na rede.


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15.9 Interviews with Media. Team Members are prohibited from granting interviews with any broadcast media including, but not limited to, television, radio, newspaper, magazines, trade journals, or over the internet regarding the Company. Such interviews will only be granted by authorized employees of the Company.

Entrevistas com os Mídia. Os membros estão proibidos de dar entrevistas a qualquer meio de comunicação social, incluindo, mas não limitado a, televisão, rádio, jornais, magazines, ou na Internet a respeito da Companhia. Tais entrevistas apenas serão concedidas por empregados autorizados da Companhia.

Alguém se descuidou cá em Portugal, pelo menos na reportagem dada ao Expresso...

Retail Outlets. The Company does not permit its products to be sold or displayed in most retail outlets. However, there are exceptions to this policy. Those retail exceptions are, businesses that operate “by appointment only” (i.e. beauty salons, tanning salons, doctors’ or chiropractors’ offices), private clubs (i.e., figure salons and health clubs).

Lojas de retalho. A Companhia não permite que os seus produtos sejam vendidos ou exibidos na maioria das lojas a retalho. Contudo, há excepções a esta política. As excepções são: negócios que operam “apenas por marcação (i.e. salões de beleza, de bronzear, e consultórios médicos ou de massagistas), clubes privados (“figure salons” e health clubs).

15.11.1 The following retail outlets are examples of those retail outlets that definitely CANNOT sell the Company products or display literature: health food stores, mall booths, and drug stores.
Os seguintes locais de retalho são exemplos de sítios onde definitivamente NÃO se pode vender os produtos da Companhia ou exibir literatura: lojas de produtos dietéticos/saúde, lojas de centros comerciais, e farmácias/parafarmácias.

15.11.2 This policy does not prohibit any retail store owner from being a Team Member for the Company.

Esta política não proíbe que qualquer proprietário de uma lojas possa ser Membro da Companhia

15.11.3 The purpose of this policy is to protect both Team Members and customers.

O propósito desta política é a protecção de Membros e de clientes.

Terms and Conditions

4. I have a duty to supervise and train any Team Members that I may sponsor as described in the AGEL Policies and Procedures. I will explain AGEL™ programs honestly and completely when presenting them to others. I understand and will make clear in any presentation the following: (1) that no earnings are guaranteed by AGEL™ or its programs; (2) no Team Member will earn money for sponsoring; (3) commissions are based on product sales; and (4) that there are no exclusive territories for Team Members in the program.

4. Tenho o dever de supervisionar e treinar qualquer Membro que recrute, tal como descrito no documento AGEL Policies and Procedures. Explicarei o programa Agel honestamente, de forma completa, aquando da sua apresentação a outras pessoas. Entendo e explicitarei o seguinte em qualquer apresentação: (1) que nenhum rendimento está garantido pela Agel ou pelos seus programas; (2) nenhum Membro ganhará dinheiro por recrutar; (3) as comissões são baseadas nas vendas de produtos; e (4) não há territórios exclusivos para Membros no programa.

Cá está ela, a verdade nua, crua, e completamente deturpada! Claro que as comissões são baseadas nas vendas de produtos... nas vendas de produtos que a Agel faz à sua rede de associados. E claro que ninguém ganha nada por recrutamento. Nem sequer há um bónus que paga 200$ por cada Executivo recrutado e 35$ por cada Básico. Se por acaso interpretou dessa forma o texto das "Comissões de Início Rápido", saiba que se enganou redondamente. É sobre as compras que o novo membro faz que incide a comissão, e não sobre o acto, per se, de recrutamento. Embora na prática seja a mesma coisa. Embora fique mal dizer que na prática seja a mesma coisa. Embora toda a gente perceba que é a mesma coisa e ninguém queira falar com seriedade no assunto. Seria considerada uma espécie de traição, entre os Membros da rede, admitir este facto. Compreende-se no fundo...

8.7 Each country has rules and procedures unique to that country. Team Members must follow the rules established for legal operation in the country in which they reside or in which they conduct business.

Cada país tem regras e procedimentos únicos a esse país. Os Membros têm de seguir os regulamentos estabelecidos pela lei no país em que residem ou no qual promovem a sua actividade.

A sério? Mais uma vez, será que isto conta para alguma coisa????


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Explicação do Negócio da Agel - parte IX

"The Maestro says it's Mozart, but it sounds like bubble gum..."
Waiting for the Miracle - Leonard Cohen


"Fraud is but the skin of truth stuffed with a lie."
Barry Minkow

"O dinheiro é melhor que a probreza, mesmo que só por razões financeiras."

Woody Allen


Seeing the bigger picture...

O caso geral - Panorâmica da Pirâmide



Continuando o exemplo do Bruno, e desenvolvendo a rede até ele atingir o cargo máximo de Quádruplo Director Diamante, ao fim de dessasseis meses, altura em que a rede pára de crescer, podemos obter os seguintes valores mensais:

Variação nº1 - Com o câmbio dólar-euro a 1,6 (aproximadamente o actual), com toda a gente a efectuar o mínimo de compras possível para poder receber os bónus, e com os cálculos antigos do bónus de alavancagem...

(click para aumentar)



Variação nº 2 - Com o câmbio dólar-euro a 1,25 (aquele que dizem que a Agel utiliza), com toda a gente a efectuar o mínimo de compras possível para poder receber os bónus, e com os cálculos antigos do bónus de alavancagem...

(click para aumentar)



Variação nº3 - Com o câmbio dólar-euro a 1,25 (aquele que dizem que a Agel utiliza), com toda a gente a efectuar 100 VC por mês de compras, e com os cálculos novos do bónus de alavancagem...

(click para aumentar)


Destas três variações possíveis, a primeira coisa que podemos observar é que não são muito diferentes quanto a resultados finais para as cinco camadas de baixo da rede. Em todas as variações apresentadas, as cinco camadas a contar do fim nunca têm lucro. Se estivermos a pensar nesta gente toda como sendo consumidores, então não temos nenhum problema, porque não podemos dizer que estejam a perder dinheiro - estão a comprar produtos sem outro interesse que não seja o de usufruir do seu consumo. Não vão, por isso, ficar assim muito aborrecidos por "o negócio não ter dado certo", sendo que para eles nunca houve um négocio em primeiro lugar. Por outro lado, para as pessoas presentes nestas cinco camadas que tiverem entrado com o espírito de "empresários", se tiveram optado por se juntar à rede com o intuito de explorar um negócio, ganhar milhões, e consequentemente estiverem a comprar os produtos com a finalidade de poderem receber os bónus propostos, então temos um grande problema: não só estão a perder dinheiro todos os meses, a ter prejuízo, como também estão a explorar a rede com base em princípios de piramidagem (mas enfim, como estão em terreno negativo, pode ser que isso não tenha assim muita importância aos olhos da justiça).

Quanto a números concretos, nada muda mesmo de quadro para quadro. Olhemos para os valores finais em termos percentuais:

Dos 100% de membros que fazem parte da rede, e considerando esta base de "rendimento" mensal:

- 96,9% não ganham o suficiente para pagar os seus próprios custos.

- Apenas 3,1% recebem mais do que aquilo que pagam.

- 3,1% recebem 80% do total de recompensas pagas a todos os membros.

- Destes 3,1% que ganham alguma coisa, 75% não ganham o suficiente para atingir o ordenado mínimo nacional (ou seja, 99,5% do total de inscritos não ganham essa quantia por mês).

- 50% não ganham absolutamente nada - apenas pagam para comprar o produto.

- 99,6% não têm acesso aos quatro "melhores" bónus do plano de compensações.

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"Não estás à espera que eu acredite nestes cálculos, pois não?"

Não, não estou. Não acredite em nada do que lhe disserem, pelo menos sem que lhe sejam dadas provas irrefutáveis ou sem verificar por si próprio(a). Esta máxima aplica-se também aqui. Sugiro e encorajo cada pessoa a fazer estas contas em privado. Aceito inclusivamente sugestões para melhorar o que está feito, e de eventuais assuntos que não tenham sido tratados e que mereçam destaque. A minha intenção é espelhar a realidade da forma mais fiel possível.

"Mas... Não estarás a exagerar? Não estarás a manipular? "

Não. De facto até penso que as coisas no terreno são piores do que aquilo que está aqui representado. A irregularidade de recorte da rede nas últimas camadas e eventual taxa de desistência, que ainda deve ser alta, podem piorar bastante os valores apresentados.

Devo contudo revelar que fiz batota no cálculo de alguns valores, como sejam os das camadas de topo, nas de director para cima que, segundo as regras do plano de compensações, só podem receber os valores de "alavancagem" apresentados se tiverem pessoalmente recrutado um determinado número de "directores". Não contei com essa obrigatoriedade (nas minhas contas, cada pessoa recruta outras duas, apenas). Também não contei com a abertura de mais do que um centro de negócios quando for atingida a quota de 250.000VC na perna mais curta. Estas duas alterações não melhoram a realidade dos factos para aqueles que perdem dinheiro. Antes acentuam as desigualdades entre o topo e o fundo da rede. A Agel funciona como uma espécie de Robin dos Bosques corporativo, mas ao contrário, aliviando o bolso dos pobres do incómodo peso do dinheiro, e transferindo esses valores para as eventuais contas off-shore dos ricos.

"E não haverá nenhuma possibilidade destes valores serem mesmo melhores na realidade?"

Teoricamente, sim. Bastaria para isso que a finalidade principal da rede fosse a Venda Directa. Se a maioria dos Membros se dedicassem a vender produtos (e se o conseguissem de facto), talvez a taxa de prejuízo fosse diferente - muito menor.

Na prática, não. Vender produtos em Venda Directa, na Agel, é algo perto do impossível. Por várias razões. A mais importante das quais é que compensa mais, tanto ao vendedor como ao consumidor interessado, fazer com que este último faça parte da rede como Membro. Sai-lhe mais barato. E acaba com qualquer preocupação por parte do vendedor em gerir stock. É uma situação win-win.

Há uma outra realidade em que estes valores parecem não fazer sentido, e é quando a rede está em expansão rápida, duplicando várias vezes por mês em termos que quantidade de membros inscritos (algo que aconteceu com a Agel cá em Portugal há uns meses atrás). Faz parecer que toda a gente está a recuperar facilmente o investimento, e que todos ficarão no fim a ganhar dinheiro mensalmente. Esta ideia, contudo, é ilusória, e terminará quando a rede parar de crescer - e teremos então chegado aos valores que estão nas tabelas acima. Sem vendas directas, e com os membros a dependerem exclusivamente das compras do seu downline para ganharem dinheiro, não há volta a dar a estes valores.

"Este modelo é sustentável a prazo?" "E viável?"

Sustentável, sim. Mesmo considerando estes números. Ao contrário de um Ponzi, que acabará por ruir inevitavelmente um dia, por falta de dinheiro para cobrir todas as promessas, este modelo de pirâmide com produtos é sustentável porque paga sempre menos aos seus membros do que aquilo que deles recebe. Do total de receitas conseguido em determinado mês, a Agel retira uma determinada percentagem (50% é o valor anunciado por eles) para pagar os prémios de comissões. O facto da Agel exigir a cada Membro que compre uma determinada quantidade de produtos por mês de forma a poder receber as comissões a que tem direito é a garantia "monetário-mecânica" que permite sustentar a rede. Com todo o processo depende deste mecanismo causa-efeito, o modelo é sustentável - não há questões de (in)solvência.

Por outras palavras, aquilo que acontece é uma re-distribuição do dinheiro injectado na rede: 97% dos inscritos pagam (e têm prejuízos) para que 3% depois recebam (e tenham lucro), e mais para que a Agel também receba (e eventualmente tenha lucro, embora aqui haja outros factores a considerar, como por exemplo os custos de produção, etc.). Se estes 97% não pagarem, então a Agel também não paga aos restantes 3%.

Viável, depende. Em princípio sim, depois de alguns ajustes naturais, que o mercado for fazendo. É viável, pelo menos, enquanto houver crescimento na rede e, depois disso, enquanto houver um número suficiente consumidores que se mantenham activos (i.e.: a encomendar o produto). Sublinho, enquanto houver gente interessada em consumir o produto por aquilo que vale, o modelo é viável. Se, pelo contrário, só houver gente interessada em explorar a faceta comercial do negócio, a rede acabará por regredir lentamente de volta para a origem, à medida que for havendo desistências (e isto é mais uma diferença em relação a um Ponzi, que quando estoira o efeito é imediato: quem até aí tirou o dinheiro ficou a ganhar, os outros ficaram todos a perder).

Há uma outra possibilidade: a falência por má gestão, uma coisa em que não acredito que vá acontecer à Agel (como aconteceu por exemplo à Weekenders, empresa associada da DSA, há poucos dias atrás: link1, link2. Lá se foi o "rendimento residual" para o resto da vida...) .


Como foram feitos os cálculos

Começando pelo valor total de membros, 65.535, este é meramente indicativo, e não pretende sugerir que em a Agel em Portugal chegue alguma vez a esse número (acho que vai ficar bem longe disso). Cheguei a ele por aproximação: fui duplicando a rede até conseguir que o membro de topo chegasse, em termos de VC na perna mais fraca, a Quádruplo Director Diamante.

As cinco primeiras colunas do quadro, sob o título "Membros por nível", são auto-explicativas. Para dar um exemplo, e tomando o primeiro de todos os quadros, na linha nº 3 está representado o "cargo" de Double Diamond Director. Por cada 65.535 membros, 4 ocupam esta posição na hierarquia (conforme a coluna "Membros inscritos por nível"); 4 membros esses que por sua vez representam 0,0006% do total de inscritos na rede (coluna "%") ; cada um desses 4 Double Diamond tem 16.382 pessoas no donwline (coluna "Qtd. membros no downline"); e metade deste número na perna mais fraca (coluna "Qtd. membros perna mais fraca").

As três colunas seguintes, sob o título "Investimento mínimo para receber bónus", apresentam os valores mínimos, em euros e em VC, para que cada membro, conforme a camada hierárquica e os prémios a que concorre, possa participar no plano de compensações, ou seja, para que possa receber esses mesmos prémios. Hierarquias com menos de 2.000VC na perna mais fraca, todas elas ocupadas por "Team Members", só necessitam de encomendar uma caixa de produto por mês, o que lhes custa 72€ (coluna "Investimento mínimo individual mensal"), e que injecta 50VC na rede (coluna "Investimento mínimo em VC"). A coluna "Total de VC na perna mais fraca" é calculada pela multiplicação dos valores nas colunas: "Investimento mínimo em VC" e "Qtd. membros perna mais fraca". Isto até chegarmos, subindo no quadro, a Manager.

Ex: Como foi obtido o valor 750VC, indicado coluna "Total de VC na perna mais fraca", para a linha nº 12? Através da multiplicação dos valores nas colunas "Investimento mínimo em VC" (50) e "Qtd. membros perna mais fraca" (15).

Acima de Manager, tive de considerar dois valores distintos para o "Investimento mínimo" por camada hierárquica, 50 e 100, uma vez que o total de VC na perna mais fraca, para estes níveis, é composto por uma soma de hipóteses.

Ex: Como foi obtido o valor 6.400VC, indicado coluna "Total de VC na perna mais fraca", para a linha nº 9 - Senior Manager? Dos 127 membros que compõem a sua perna mais fraca, 1 deles (o que ocupa a posição de Manager, imediatamente abaixo dele) encomendou 100VC nesse mês e os outros todos encomendaram 50VC, logo: (1 x 100VC) + (126 x 50VC) = 6.400VC.

Comecei a preencher estes valores na tabela, com ajuda de fórmulas, de baixo para cima.

As três colunas seguintes, sob o título "Comissões de Volume de Equipa", apresentam os valores referentes ao cálculo deste bónus, por membro. "Limite máximo de VC considerável" não necessita de grandes explicações. O seu valor foi retirado directamente da coluna anterior, "Total de VC na perna mais fraca". Quando o total ascende acima dos 250.00VC, a referência base passa a ser este valor - é so até aí que a Agel paga, por cada centro de negócio. "Receita Bruta em €" é o cálculo normal efectuado para o bónus de Comissões de Volume de Equipa, ou seja, 10% sobre o total de VC na perna mais fraca (e que está na coluna anterior), vezes 10%, a dividir pela taxa de câmbio, neste caso 1,6. Finalmente, a coluna "Lucro Bruto em €" indica o valor apresentado na coluna anterior subtraido do custo com as compras de produtos.

As quatro colunas seguintes apresentam os valores finais, por membro, para os prémios indicados, devidamente cambiados para €. O Bónus de "alavancagem" foi a única coluna da tabela para a qual tive de inserir uma fórmula diferente para cada célula calculada. O Bónus de "Retiro anual de liderança" foi atirado ao calhas: peguei no Bónus de "Despesas para deslocações", multipliquei-o por quatro (?!), e dividi por doze, para poder incluir no quadro um valor exemplificativo - não corresponde, por isso, ao valor real (que não se sabe ao certo qual é).

Por último, as coluna debaixo do título "Contas Agel" mostram quando é que a empresa gasta a pagar comissões e quanto é que ganha com as vendas de produtos que faz aos seus membros. A coluna "Total de pagamentos a cada membro do escalão" indica quanto é que a empresa paga em prémios por membro, e é a soma simples dos cinco bónus calculados em colunas anteriores. A coluna "Total de pagamentos a cada escalão" pega no valor da coluna anterior e multiplica-a pela coluna "Membros Inscritos por nível", a segunda a contar do início. No final desta coluna há um total, que corresponderá, grosso modo, ao total de todos os prémios pagos a todos os membros. A última coluna, "Total de Recebimentos Agel", representa a receita bruta feita à conta das vendas aos membros, por escalão, deduzida dos respectivos custos de transporte e do IVA. Esta coluna também tem um total final, correspondente à receita total obtida a partir de todas as compras feitas por membros.

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Sei que este artigo já vai longo, mas é a altura apropriada para rever, à luz dos valores apresentados nos quadros acima, alguns vídeos da Agel, todos muito bem "esgalhados", a propósito de... sonhos...


Smooth Talk and Horseshit
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As histórias do Tio Patranhas




Agel - Inspirational Video

Tempo com a família, sucesso profisional, Ferraris, Porsches, piscinas paradisíacas, desportos radicais na neve, férias em ilhas tropicais, paraísos com os quais sonhou toda uma vida, you name it, you got it... sem mais comentários.


Eric Worre - Que tipo de vida quer ter?

Descubra a que categoria de "falhados" pertence profissionalmente. Descubra como a Agel pode mudar essa realidade. Junte-se à nova industria dos Gigantes Emergentes. Junte-se à Agel, que certamente irá crescer acima da média da indústria até ao dia do Apocalipse...

Randy Gage - A "parábola do ratinho"

Este é de longe o meu vídeo favorito de toda a gama da Agel. O Randy Gage, há que admitir, é um génio da comunicação, para além de ser, em pessoa, um excelente comunicador e motivador. Digo isto sem qualquer ponta de ironia. Neste video, e para além de toda a carga emocional com que envolve os assuntos "família" e "trabalho" (porventura os dois vértices mais importantes das nossas vidas), temos direito a ouvir a analogia do ratinho aprisionado na roda. Randy Gage compara as nossas profissões a armadilhas das quais, por mais que nos esforcemos, nunca poderemos sair, tal como os ratinhos não conseguem sair das rodas, por mais depressa que corram. Médicos, advogados, profissões de renome, nada disto são excepções, apenas estes ratinhos "estão a ganhar a corrida" aos outros (eventualmente porque ganham mais dinheiro). Adivinhem qual é a solução para sair desta armadilha, desta roda que anda mas não deixa andar? Nem mais. Depois, Gage fala acerca do seu próprio passado, de como já era milionário antes de ingressar na Agel, e de que não o fez, portanto, por dinheiro, fê-lo antes para poder proporcionar aquilo que já tinha às pessoas de quel lhe são próximas (e que tratou, depreendo, de inscrever na rede, por baixo de si). Ponto firmado! Nada mais nobre! É isso que toda a gente quer: o poder proporcionar riquezas sem conta àqueles que mais ama (Agel 1 - Coração despedaçado O). Mais: Gage apresenta a sua pessoa como o exemplo provado, a prova concreta, de que o sistema resulta. Esquece-se de mencionar, contudo, que para além de si há mais exemplos. Exemplos de pessoas que foram bem sucedidas, e exemplos de pessoas que NÃO foram bem sucedidas. Entre estas duas "forças" estabelece-se a proporção que permite calcular o risco teórico do negócio (certo? interessa saber quantas tiveram sucesso, quantas não tiveram e, eventualmente, porque é que não tiveram). Mas nada disto é mencionado. Gage termina o discurso com mais um golpe de génio, ao dizer que este negócio é só para "quem o entender". Quem não entender, não há problema, "ninguém lhe vai torcer o braço por causa disso, ninguém o vai obrigar a entrar". Ou seja, coloque-se numa de duas posições: ou entende aquilo que estou a dizer (e logo é uma pessoa esperta) e vai querer entrar para a Agel, ou não entende (e é burro) e pode seguir o seu caminho que continuamos todos amigos. Uma clara tentativa de associação entre a (alta) inteligência do indivíduo e a aceitação da Agel como um bom negócio fica bem patente nestas palavras de Gage. Eis pois a questão principal: você é otário?

Qualquer recalcamento ou frustração que alguém sinta acerca do seu trabalho ou vida pessoal, por mais pequeno que seja (e acredito que, para muita gente, a palavra "pequeno" seja aqui um eufemismo), vai ser penosamente recordado/a, consciente ou inconscientemente, e vai ser colocado/a ao rubro, depois de observados estes vídeos. E o inerente desejo em esquecer e ultrapassar estes sentimentos vai ser canalizado unicamente para uma solução: a Agel.

Muito se tem falado por aí em supostas "lavagens cerebrais" a quem vai a reuniões de apresentação de variados negócios de "MLM" (e outros). Este discurso de Gage é dos mais subtilmente brilhantes que já vi a esse nível. Quem assistir a isto pode, de consciência perfeitamente tranquila, afirmar que não houve qualquer tentativa lavagem cerebral. Quem serão realmente aqui os ratinhos aprisionados na roda? Repito, eis pois a questão principal: você é otário?



sexta-feira, 20 de junho de 2008

Explicação do negócio da Agel - parte VIII

Simulação de uma provável realidade


Neste artigo iniciarei uma simulação que revelará, no final, as eventuais e prováveis percentagens de ganhos e de perdas de toda a rede de associados da Agel. Utilizarei toda a informação oficialmente disponível (a que foi indicada nas 7 mensagens anteriores), e tentarei preencher os espaços em branco da forma mais imparcial possível. Terei necessariamente de fazer algumas suposições, por força das circunstâncias - as variáveis em jogo são muitas e não podem ser controladas. Os valores reais e efectivos, correspondentes às contas que vão ler de seguida, existem e estão guardados a sete chaves. Poderiam ser recolhidos das bases de dados da Agel e divulgados abertamente, se a empresa assim o entendesse. Nunca o fará, contudo, de livre vontade. A revelação de tais valores, o levantar desse capachinho, colocaria a descoberto a careca lustrosa e polida de uma enorme pirâmide financeira, daquelas que veio para ficar por várias décadas, para bem de alguns poucos e mal de muitos.

Recusando falsas modéstias, pretendo que esta simulação seja uma aproximação bastante fiel à realidade. As elações finais a retirar deste caso deverão ter em conta que se trata de uma generalização. Casos particulares variados, para melhor e para pior, haverá aos milhares em toda a rede, sendo que a junção de todos eles originará valores médios aproximados aos da simulação. Partirei de um caso particular e aumentarei a rede até ter atingido uma quantidade de Membros suficiente para albergar todos os escalões hierárquicos – e que terminam em "Quádruplo Director Diamante", a posição mais alta alcançável por um Membro. Os valores finais serão apresentados em euros, com o câmbio feito segundo a taxa actualmente em vigor em relação ao dólar (aprox. 1,6) e segundo a taxa supostamente utilizada pela Agel (1,25).

Esta primeira parte da simulação será algo repetitiva e fastidiosa - acompanhará o preenchimento do dowline do Bruno a par e passo até à sua quarta geração, ao mesmo tempo que apresentará todos os valores mensais de custos e proveitos. Com cinco níveis da rede totalmente preenchidos, e dados os pressupostos apresentados de seguida, podemos observar que não há uma recuperação do investimento, mas que à passagem para o sexto, o Bruno terá passado acima da linha de água.

Pressupostos:

- Cada Membro inscrito consegue recrutar outros dois Membros, nem mais, nem menos. Os Membros pertencentes à última camada hierárquica são a excepção a esta regra – não recrutam ninguém.

- A rede duplica a cada mês.

- Os cálculos de custos e proveitos são efectuados no final de cada mês.

- Os custos e os proveitos acumulam de mês para mês.

- Por cada quatro inscrições, uma delas é um plano Executivo e as outras três são planos Básicos.

- Não há desistências da rede.

- Todos os Membros estão sempre activos (i.e.: todos fazem encomendas mensais).

- Todos os Membros encomendam sempre a quantidade mínima de produtos de forma a poderem receber os prémios correspondentes ao seu escalão.

O que NÃO está incluído na simulação:

- Vendas a retalho.

- Vendas a Clientes Preferênciais.

- O Bónus Executivo (por falta de dados). Quanto ao Bónus "Retiro Anual de Liderança", e apesar de não haver também um valor concreto anunciado, incluirei um número ao calhas, quatro vezes superior ao do "Bónus Carro de Luxo".

- Impostos que não sejam o IVA sobre a compra dos produtos.

- Quaisquer custos de actividade, incluindo compras de materiais promocionais.

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O Bruno entrou para a rede dia 1 de Janeiro de 2008 e comprou um plano Básico (gastou 260€). Nesse mesmo mês o Bruno recrutou uma pessoa com inscrição de plano Executivo, que colocou na perna esquerda (injectando 500VC), e uma pessoa com inscrição de Plano Básico, que colocou na perna direita (injectando 125VC).


No final do Janeiro, temos as seguintes contas:

Total de Custos = 260€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 125VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC

Proveitos de Comissões de Início Rápido (recrutamento) = 200$ + 35$ = 235$
Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 12,5$
Total de Proveitos do Mês = 247,5$

Câmbio a 1,25: 247,5$ = 198€
Câmbio a 1,6: 247,5$ = 155€

Saldo final (cambio a 1,25) = 198€ - 260€ = -62€
Saldo final (cambio a 1,6) = 155€ - 260€ = -105€

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No mês de Fevereiro, os dois Membros recrutados pelo Bruno recrutam, cada um, mais dois Membros. Dos quatros novos Membros, um deles entra para o Plano Executivo. O Bruno encomenda uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é ainda reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Janeiro (375VC). O Bruno tem seis pessoas por baixo de si na rede.



No final do Fevereiro, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 125VC + 125VC + 50VC = 300VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC + 125VC + 50VC + 375VC = 1.050VC

Proveitos de Comissões de Início Rápido (recrutamento) = 0
Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 30$
Total de Proveitos Fevereiro = 30$

Câmbio a 1,25: 30$ = 24€
Câmbio a 1,6: 30$ = 19€

Saldo final Fevereiro (cambio a 1,25) = 24€ - 72€ = -48€
Saldo final Fevereiro (cambio a 1,6) = 19€ - 72€ = -53€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ = 332€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ = 222€
Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ = 174€

Saldo final acumulado a 1,25 = 222€ - 332€ = -110€
Saldo final acumulado a = 174€ - 332€ = -158€

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No mês de Março, oito novos membros entram para a rede, recrutados pelos netos do Bruno; dois são Executivos e seis são Básicos. O Bruno encomenda mais uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos e quatro netos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Fevereiro (750VC). O Bruno tem catorze pessoas por baixo de si na rede.


No final do Março, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 500VC + 375VC + 150VC = 1.025VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC + 375VC + 150VC + 750VC = 1.775VC

Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 102,5$ Total de Proveitos Março = 102,5$

Câmbio a 1,25: 102,5$ = 82€
Câmbio a 1,6: 102,5$ = 64€

Saldo final Março (cambio a 1,25) = 82€ - 72€ = 10€
Saldo final Março (cambio a 1,6) = 64€ - 72€ = -8€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ + 72$ = 404€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ + 82€ = 304€ Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ + 64€ = 238€

Saldo final acumulado a 1,25 = 304€ - 404€ = -100€
Saldo final acumulado a = 238€ - 404€ = -166€

---

No mês de Abril, dezasseis novos membros entram para a rede, recrutados pelos bisnetos do Bruno; quatro são Executivos e doze são Básicos. O Bruno encomenda mais uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos, quatro netos e oito bisnetos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Abril (750VC). O Bruno tem trinta pessoas por baixo de si na rede.

Neste mês, e como o Bruno tem mais de 2.000VC na perna mais fraca– o equivalente ao cargo de Gestor -, haveria lugar a receber Bónus de alavancagem segundo as antigas regras. Vamos fazer cálculos para saber se compensaria.



No final do Abril, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 1000VC + 750VC + 350VC = 2.100VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 1000VC + 750VC + 350VC + 750VC = 2.850VC

Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 210$
Total de Proveitos Abril = 210$

Câmbio a 1,25: 210$ = 168€
Câmbio a 1,6: 210$ = 131€

Saldo final Abril (cambio a 1,25) = 168€ - 72€ = 96€
Saldo final Abril (cambio a 1,6) = 131€ - 72€ = 59€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ + 72$ +72€ = 476€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ + 82€ +168€ = 472€
Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ + 64€ +131€ = 369€

Saldo final acumulado a 1,25 = 472€ - 476€ = -4€
Saldo final acumulado a = 369€ - 476€ = -107€

Cálculos adicionais para o bónus de alavancagem:

a)
25% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada filho (são dois filhos):

2 x 0,25 x 102,5$ = 51,25$

b) 8% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada neto (são quatro netos):

4 x 0,08 x 30$ = 9,6$

c) 8% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada bisneto (são oito bisnetos):

8 x 0,08 x 12,5$ = 8$

Total = 51,25$ + 9,6$ + 8$ = 68,85$

Nem sequer vale a pena cambiar este valor para euros. Já se vê que não compensa ao Bruno encomendar mais uma caixa de produto de propósito para receber este bónus, uma vez que ficaria a perder dinheiro. No plano antigo, tínhamos esta situação ridícula: um bónus que poderia, para o nível de entrada – o de Gestor -, fazer perder dinheiro em vez de pagar, conforma a situação. É algo que nem sequer consigo conceber que ocorra em qualquer situação que seja, quanto mais numa empresa que anuncia ter o melhor plano de compensações dos últimos cinquenta anos. Entretanto a Agel, para aumentar os seus lucros, eliminou o bónus de alavancagem para o nível de Gestor (e de Gestor Sénior), e acabou indirectamente por resolver esta “questão”.

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Deste exemplo de expansão da rede, a até esta parte da explicação, podemos ver que é necessário acumular um número volumoso de pessoas no downline por forma a recuperarmos o investimento inicial, e que esta recuperação ocorre na passagem do quinto para o sexto nível hierárquico.

Podem argumentar que manipulei a informação a meu favor, para poder fabricar e apresentar estes números, e que na realidade há pessoas que pagam o investimento logo no mesmo mês em que entram, conseguindo recrutam 15 Executivos de enfiada (bastaria, alias, entrar com um plano Básico e recrutar dois ou três Executivos para pagar o investimento). Respondo o seguinte: é verdade que manipulei os dados, mas não foi para obter qualquer proveito próprio, foi para tornar possível a apresentação do caso de forma homogénea, controlada e perceptível - para poder tratá-la, para todos os efeitos. O que se passa na realidade é que a rede não é simétrica nem regular na sua expansão. Há que nivelar todo um conjunto de situações para chegar a números que de outro modo só extraindo directamente da base de dados. Em contrapartida ao caso do recrutamento de 15 Executivos por uma pessoa no primeiro mês afirmo que, entre uma e outra situação, é mais provável nunca se chegar a recrutar ninguém - deve haver mais situações de pessoas que ficam em branco do que de pessoas que recrutam outras 15 no primeiro mês de "actividade". Também é verdade que se mudássemos, nesta simulação, o número de planos Executivos para dois em cada quatro inscrições, o caso apresentado mudaria de figura (ainda que não significativamente) e teríamos uma recuperação do investimento mais cedo na hierarquia, do quarto para o quinto nível. Mas também é certo que, mesmo nessas condições, se o Bruno tivesse entrado como Executivo, só do sexto para o sétimo nível recuperaria o investimento.

Para finalizar este artigo, uma última observação importante: até aqui tenho falado apenas em em recuperação do investimento, contando com a expansão contínua e regular da rede, mas interessa igualmente calcular as variações mensais de proveitos e custos por si só. Uma rede destas tem tendência para duplicar várias vezes por mês na fase de arranque do negócio, mas, à medida que se for aproximando da saturação de mercado, o crescimento abrandará quase a ponto de estagnar (e chegará inevitavelmente a uma situação de quase equilíbrio entre o número de novas adesões e o número de desistências). Numa situação de crescimento nulo ou aproximado, em que todos os Membros estão activos e a encomendar pelo menos uma caixa das mais baratas, os cinco níveis de baixo perdem sempre dinheiro. Mesmo que até ao quinto nível o investimento inicial tenha sido recuperado, se não houver mais crescimento na rede a partir dai, o ganho mensal por mês será negativo todos os meses. A situação concreta pode imaginar-se a partir do esquema que apresentei para Abril: se todos os círculos por baixo do Bruno gerarem 50VC, a sua perna mais fraca terá 750VC no final do mês, o equivalente a 75$. Para originar um valor mensal acima de zero (uma situação de lucro), um Membro terá de ter 900VC na perna mais fraca (considerando um câmbio de 1,25), ou 1.150VC (considerando um câmbio de 1,6).


No próximo artigo: cálculos para uma rede de 65.000 Membros, com representação de valores médios prováveis para todos os níveis da rede, quer para o individual, quer para o colectivo, e percentagens finais de ganhadores e perdedores (or should I say: predadores e perdedores?).

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Novo Esquema em Pirâmide varre Portugal

Faço mais uma pausa na explicação do negócio da Agel para registar algumas notícias sobre um mais que óbvio esquema em pirâmide - que só movimenta mesmo dinheiro (ainda por cima em notas) -, e que pelos vistos anda a enlouquecer até a classe média-alta da nossa sociedade: o "Jogo da Bolha" (ou jogo da bola, ou jogo da roda). Algumas pessoas já me haviam alertado para esta situação anteriormente, inclusive por e-mail, mas decidi abster-me de quaisquer comentários sem que houvesse dados concretos sobre o assunto. Pois bem, três jornais portugueses acabam de divulgar notícias sobre o caso.

Ver no Sol, no Diário de Notícias e no Correio de Manhã. (dêem uma olhada no rol de comentários à notícia do Sol... vale a pena verificar que lá estão os habituais acérrimos defensores da "legalidade" da trapaça.)

Debate na SIC

Reportagem da SIC sobre um antecedente famoso deste "Jogo da Bolha", o esquema "Ká te Kero".

Segundo as informações disponíveis, parecem-me claros os contornos da Pirâmide: investir um determinado valor monetário à cabeça e recuperá-lo através do posterior recrutamento de novos membros, até se atingir o "centro da bolha", altura em que se recupera um valor várias vezes acima do investido.

Tal como mencionado nas notícias, quando o esquema estoirar uma grande percentagem de inscritos vai ficar a arder com o dinheiro. Não sei se tenha pena deles ou se lhes diga "é bem feito"!

Leiam um alerta da PJ, feito em inícios de 2007, acerca de algumas "burlas" em pirâmide.

Em termos de legislação, e atendendo às características explicadas nos artigos de imprensa, parece à primeira vista que a legitimidade deste jogo esbarra directamente no muro de betão do Decreto-Lei 57/2008, artigo 8º, alínea r). Citando:

"São consideradas enganosas, em qualquer circunstância, as seguintes práticas comerciais:"
(...)
r) Criar, explorar ou promover um sistema de promoção em pirâmide em que o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema."

Isto daria direito coima tanto a organizadores como a participantes. Restaria arranjar maneira de provar os actos criminosos e de identificar quem foram os praticantes em concreto, coisa que não seria fácil. No final, seria possível que alguns bodes expiatórios fossem incriminados e que uma grande maioria de implicados acabasse por pagar, indirectamente, com o dinheiro que perdeu no jogo.

Contudo, há um impedimento explícito no decreto 57/2008 que condiciona a aplicação desta lei ao "Jogo da Bolha". O artigo 1º do diploma diz o seguinte:

"O presente decreto-lei estabelece o regime jurídico aplicável às práticas comerciais desleais das empresas nas relações com os consumidores, ocorridas antes, durante ou após uma transacção comercial relativa a um bem ou serviço, transpondo para a ordem jurídica interna"

Se o jogo da bolha é organizado e promovido por pessoas, as leis anti-pirâmide em vigor na legislação portuguesa não lhe podem tocar, embora seja bastante claro que isto seja um "esquema em pirâmide". Interessante, não?

Podemos ainda olhar para o caso segundo outro ponto de vista (e que em todo o caso é difícil de provar):

Burla
Artigo 217º do Código Penal

1 - Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou, determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

Burla qualificada
Artigo 218º do Código Penal

1 - Quem praticar o facto previsto no nº 1 do artigo anterior é punido, se o prejuízo patrimonial for de valor elevado, com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias.
2 - A pena é a de prisão de 2 a 8 anos se:
a) O prejuízo patrimonial for de valor consideravelmente elevado;
b) O agente fizer da burla modo de vida; ou
c) A pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica.


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ARTIGO DE OPINIÃO - retirado do Público de 20/06/2008

"O jogo da “bolha” a falência da justiça e as causas do atraso"

Autor: Graça Franco
Data: Sexta-feira, 20 de Junho de 2008
Pág.: 51
Temática: Opinião

Quanto mais difícil se torna ganhar dinheiro com o trabalho, mais proliferam os esquemas de geração de dinheiro fácil Os que trabalham e pagam os impostos vão suportando sozinhos os custos dos hospitais, das escolas e das estradas onde circulam os que arriscam” As notícias recentes sobre a proliferação de uma espécie de novas D. Brancas por todo o país (agora sob a forma de jogo da “bolha”) não seriam mais do que um sinal dos tempos, não fora a gravidade das declarações de alguns dos nossos mais destacados agentes do sistema judicial.
Quanto mais difícil se torna ganhar dinheiro através daquele velho esquema de muita transpiração e alguma inspiração, mais os esquemas de geração de dinheiro fácil proliferam. É assim em todas as crises onde especuladores e gente sem escrúpulos encontram e continuarão a encontrar o seu nicho de oportunidade. Neste quadro, as notícias de um crescendo da apetência de muitos para o recurso aos jogos de sorte/azar são apenas mais um sinal da crise. A notícia só passa de “breve” a manchete, quando se constata que a velha burla das “cadeias de amizade” à mistura com o clássico “esquema em pirâmide” que alimentou, anos a fio, o fenómeno dos altos juros pagos pela D. Branca se transformou numa coisa mais sofisticada e voltou a tomar de assalto os meios da classe média e média alta, agora sob a forma aparentemente mais inócua de “jogo” clandestino. Com as apostas a crescer de 50 euros para ganhar 400 até valores que rondam os 10 mil para ganhar 80 mil.
A reportagem, de segunda-feira do DN, depois das notícias do Sol da semana passada, segue a par e passo o fenómeno, com múltiplas declarações de jogadores, e explica, de forma credível e abundância de detalhes, os procedimentos em curso. Este jogo está a generalizar-se dentro de empresas entre os quadros qualificados, em alguns meios estudantis (daí o seu enorme perigo!) e empresariais, e um pouco por todo o país, chegando a “movimentar milhões”.
Mesmo existindo algum exagero, o texto inclui, entre outros, depoimentos de um jogador que contraiu um empréstimo no banco de seis mil euros para conseguir apostar 10 mil na esperança de, entretanto, lograr atrair novos amigos para o seu círculo de jogo (parece que o mínimo são dois!), essenciais para o arrastarem para o centro da cadeia, de forma a conseguir ganhar os 80 mil euros prometidos para quem percorre o caminho até final. O dito jogador teve sucesso e saiu de jogo embolsando os 80 mil, limpinhos, o que corresponde a uma mais-valia de 70 mil euros. Qualquer coisa como mais de sete anos de trabalho de alguém que receba um salário de 650 euros mensais.
Os encontros dos apostadores ocorrem em locais públicos; as entregas são feitas sempre em notas, para não deixar rasto. Tudo expectável. Tudo banal. Com uma única certeza a perpassar a reportagem: quando a cadeia de angariadores começar a falhar, as “bolhas” vão estoirar e os apostadores vão perder muito dinheiro. Algumas empresas já temem o stress que afectará os seus quadros jogadores. A sorte vai inevitavelmente dar lugar ao azar.
O espanto só chega no título da página ao lado: “Jogo baralha autoridades e ninguém sabe se é crime.” Homessa? Não sabe? Quem não sabe? Então para que serve a lei do jogo? Os ganhos de jogo deixaram de ser tributados? O fisco deixou de se preocupar com a tributação das mais-valias? Onde é que está a dúvida?
Segundo o DN, citando António Cluny (presidente do Sindicatos dos Magistrados do Ministério Público), para saber se é ilegal ou não, é necessário “um estudo jurídico profundo que abrange vários campos”. E o jornal explica: “Desde a lei do jogo, para saber se este é ou não lícito, até ao direito fiscal, para se verificar se há aqui ou não dinheiro que não é alvo de cobrança de impostos, até ao direito penal, para ver se há burla, passando pelas regras do mercado de capitais.”
O ridículo mata. Fica portanto em aberto - os jogadores que tomam todas aquelas medidas para não deixar rasto… são apenas cidadãos discretos, sempre pagaram atempadamente todos os impostos devidos e estão de consciência tranquila e sem nada a temer.
Melhor só mesmo a declaração de Carlos Anjos (presidente da Associação Sindical dos Funcionários da Investigação Criminal) que “disse ao DN que tem muitas dúvidas que possa ser considerado crime”. Porque “quem entra no jogo está consciente de que corre um risco. Sabe que vai entregar dinheiro que vai para quem está no centro e sabe que tem de arranjar pessoas suficientes para ganhar”. E a lei do jogo, o fiscozito, nada?
Que esperava eu, para meu sossego, e reforço da confiança no sistema judicial? Uma simples declaração de bom senso, do estilo: “Crime é. E disso parecem ter clara noção os intervenientes, pelos cuidados que estão a tomar para não deixar rasto. De fuga ao fisco parece mesmo ser muito claro… mas, dados os contornos, são crimes difíceis de investigar, de provar e de punir.” Com isto ficaria satisfeita, mas imagino que a minha expectativa resulta da condição de economista e da ignorância crassa em matéria de leis.
Uma coisa tenho a certeza: perguntem a um cidadão sueco ou finlandês se fugir ao fisco é crime e ele dirá sem a menor hesitação que é. Perguntem-lhe porquê e ele não hesitará em afirmar que é crime porque é ROUBAR numa das suas piores formas. Por cá o tema suscita um amplo debate e exige um estudo aprofundado!
Na dúvida, os que trabalham e pagam os respectivos impostos vão suportando sozinhos os custos dos hospitais, das escolas, das estradas onde circulam os que “arriscam” e gostam de apostar numa vida mais emocionante do que este rame-rame de trabalho, suor, impostos. E a sociedade como um todo não sabe exactamente se não temos, bem no fundo, rigorosamente os mesmos direitos, a mesma respeitabilidade! Quando a própria justiça se pergunta… Resta a ASAE. Quando se temia que ela fosse apenas fiscalizar os “furos” dos chocolates, acontece que ela está atenta à “bolha” das “bolhas” e parece que até já está mesmo a investigar. Perpassa portanto uma réstia de senso comum nos senhores que se celebrizaram por uma total falta de senso. Não sei é se está garantido que não entra a dúvida existencial sobre a legalidade da coisa nos próprios agentes. Se sim, acabam todos a “apostar”.

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Comentário meu: Nossa Senhora! Nem os legisladores sabem onde andam as leis....

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ARTIGO DE OPINIÃO - retirado do CM de 29/06/2008

O princípio da bolha

Autor: Fernanda Palma
Data: Domingo, 29 de Junho de 2008
Pág.: 14
Temática: Portugal

De tempos a tempos surgem jogos sociais cujo `Leitmotiv’ é todos poderem ganhar dinheiro a partir de uma modesta contribuição inicial. Para que o esquema resulte são necessários novos jogadores, que multiplicarão as contribuições, garantindo o lucro dos mais antigos. Mas os últimos já não poderão ganhar, pois os recursos estarão esgotados. Será então que a bolha explodirá.
Estes jogos de ‘bola de neve’ são, em princípio, burlas. E são burlas mesmo que alguns dos prejudicados possam ter previsto o risco. Trata se, na realidade, de uma lógica de burla contra incertos, em que os primeiros beneficiários burlam outras pessoas, mes - mo que não saibam de quem se trata.
Com efeito, será difícil aceitar que todos os prejudicados tenham obtido o esclarecimento suficiente para consentir no seu próprio prejuízo. Tal como no famoso conto do vigário, não deixa de existir burla de - vido à ingenuidade das vítimas. Só o consentimento consciente do ofendido excluirá a burla.
O jogo da bolha é a ilustração de uma sociedade construída no pressuposto de que alguns dos seus membros não têm lugar. São desempregados, excluídos e considerados inúteis. Uma sociedade de puro mercado, que baseie o funcionamento da sua economia na necessidade de sacrificar algumas pessoas funciona como o jogo da bolha.
John Rawls, um conhecido filósofo do Direito, formulou princípios de justiça que podem impedir essa perversão no funcionamento das instituições sociais. O primeiro princípio indica que devem ser assegurados, a cada pessoa, direitos e liberdades tão amplamente quanto for compatível com idênticos direitos e liberdades para as restantes.
Mas a este princípio igualitário acresce um outro, que considera que as desigualdades económicas e sociais só podem ser aceites quando redundem em benefícios para os mais necessitados. Além disso, essas desigualdades devem estar associadas a cargos ou funções aos quais todos os cidadãos tenham oportunidade de aceder.
Este será o modelo de Justiça de uma sociedade liberal em que a desigualdade em função da competência tem, em si mesma, um sentido de utilidade e cooperação e não obedece ao princípio da bolha que o jogo social evidencia. Aliás, como sublinha Rawls, não seria nada racional querermos manter coesão social quando alguns só podem perder ou, pelo menos, nada têm a ganhar.
Há lógicas sociais absurdas que transmitem a ideia de que alguns se podem salvar (económica ou até, no caso nuclear, pessoalmente), enquanto outros explodem.
Porém, mesmo nas competições só vale a pena ganhar ultrapassando as limitações próprias e não à custa do azar dos outros.
A bolha não é só burla, mas também a revelação de que a racionalidade não cooperativa é irracional.