sexta-feira, 20 de junho de 2008

Explicação do negócio da Agel - parte VIII

Simulação de uma provável realidade


Neste artigo iniciarei uma simulação que revelará, no final, as eventuais e prováveis percentagens de ganhos e de perdas de toda a rede de associados da Agel. Utilizarei toda a informação oficialmente disponível (a que foi indicada nas 7 mensagens anteriores), e tentarei preencher os espaços em branco da forma mais imparcial possível. Terei necessariamente de fazer algumas suposições, por força das circunstâncias - as variáveis em jogo são muitas e não podem ser controladas. Os valores reais e efectivos, correspondentes às contas que vão ler de seguida, existem e estão guardados a sete chaves. Poderiam ser recolhidos das bases de dados da Agel e divulgados abertamente, se a empresa assim o entendesse. Nunca o fará, contudo, de livre vontade. A revelação de tais valores, o levantar desse capachinho, colocaria a descoberto a careca lustrosa e polida de uma enorme pirâmide financeira, daquelas que veio para ficar por várias décadas, para bem de alguns poucos e mal de muitos.

Recusando falsas modéstias, pretendo que esta simulação seja uma aproximação bastante fiel à realidade. As elações finais a retirar deste caso deverão ter em conta que se trata de uma generalização. Casos particulares variados, para melhor e para pior, haverá aos milhares em toda a rede, sendo que a junção de todos eles originará valores médios aproximados aos da simulação. Partirei de um caso particular e aumentarei a rede até ter atingido uma quantidade de Membros suficiente para albergar todos os escalões hierárquicos – e que terminam em "Quádruplo Director Diamante", a posição mais alta alcançável por um Membro. Os valores finais serão apresentados em euros, com o câmbio feito segundo a taxa actualmente em vigor em relação ao dólar (aprox. 1,6) e segundo a taxa supostamente utilizada pela Agel (1,25).

Esta primeira parte da simulação será algo repetitiva e fastidiosa - acompanhará o preenchimento do dowline do Bruno a par e passo até à sua quarta geração, ao mesmo tempo que apresentará todos os valores mensais de custos e proveitos. Com cinco níveis da rede totalmente preenchidos, e dados os pressupostos apresentados de seguida, podemos observar que não há uma recuperação do investimento, mas que à passagem para o sexto, o Bruno terá passado acima da linha de água.

Pressupostos:

- Cada Membro inscrito consegue recrutar outros dois Membros, nem mais, nem menos. Os Membros pertencentes à última camada hierárquica são a excepção a esta regra – não recrutam ninguém.

- A rede duplica a cada mês.

- Os cálculos de custos e proveitos são efectuados no final de cada mês.

- Os custos e os proveitos acumulam de mês para mês.

- Por cada quatro inscrições, uma delas é um plano Executivo e as outras três são planos Básicos.

- Não há desistências da rede.

- Todos os Membros estão sempre activos (i.e.: todos fazem encomendas mensais).

- Todos os Membros encomendam sempre a quantidade mínima de produtos de forma a poderem receber os prémios correspondentes ao seu escalão.

O que NÃO está incluído na simulação:

- Vendas a retalho.

- Vendas a Clientes Preferênciais.

- O Bónus Executivo (por falta de dados). Quanto ao Bónus "Retiro Anual de Liderança", e apesar de não haver também um valor concreto anunciado, incluirei um número ao calhas, quatro vezes superior ao do "Bónus Carro de Luxo".

- Impostos que não sejam o IVA sobre a compra dos produtos.

- Quaisquer custos de actividade, incluindo compras de materiais promocionais.

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O Bruno entrou para a rede dia 1 de Janeiro de 2008 e comprou um plano Básico (gastou 260€). Nesse mesmo mês o Bruno recrutou uma pessoa com inscrição de plano Executivo, que colocou na perna esquerda (injectando 500VC), e uma pessoa com inscrição de Plano Básico, que colocou na perna direita (injectando 125VC).


No final do Janeiro, temos as seguintes contas:

Total de Custos = 260€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 125VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC

Proveitos de Comissões de Início Rápido (recrutamento) = 200$ + 35$ = 235$
Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 12,5$
Total de Proveitos do Mês = 247,5$

Câmbio a 1,25: 247,5$ = 198€
Câmbio a 1,6: 247,5$ = 155€

Saldo final (cambio a 1,25) = 198€ - 260€ = -62€
Saldo final (cambio a 1,6) = 155€ - 260€ = -105€

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No mês de Fevereiro, os dois Membros recrutados pelo Bruno recrutam, cada um, mais dois Membros. Dos quatros novos Membros, um deles entra para o Plano Executivo. O Bruno encomenda uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é ainda reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Janeiro (375VC). O Bruno tem seis pessoas por baixo de si na rede.



No final do Fevereiro, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 125VC + 125VC + 50VC = 300VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC + 125VC + 50VC + 375VC = 1.050VC

Proveitos de Comissões de Início Rápido (recrutamento) = 0
Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 30$
Total de Proveitos Fevereiro = 30$

Câmbio a 1,25: 30$ = 24€
Câmbio a 1,6: 30$ = 19€

Saldo final Fevereiro (cambio a 1,25) = 24€ - 72€ = -48€
Saldo final Fevereiro (cambio a 1,6) = 19€ - 72€ = -53€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ = 332€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ = 222€
Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ = 174€

Saldo final acumulado a 1,25 = 222€ - 332€ = -110€
Saldo final acumulado a = 174€ - 332€ = -158€

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No mês de Março, oito novos membros entram para a rede, recrutados pelos netos do Bruno; dois são Executivos e seis são Básicos. O Bruno encomenda mais uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos e quatro netos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Fevereiro (750VC). O Bruno tem catorze pessoas por baixo de si na rede.


No final do Março, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 500VC + 375VC + 150VC = 1.025VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 500VC + 375VC + 150VC + 750VC = 1.775VC

Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 102,5$ Total de Proveitos Março = 102,5$

Câmbio a 1,25: 102,5$ = 82€
Câmbio a 1,6: 102,5$ = 64€

Saldo final Março (cambio a 1,25) = 82€ - 72€ = 10€
Saldo final Março (cambio a 1,6) = 64€ - 72€ = -8€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ + 72$ = 404€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ + 82€ = 304€ Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ + 64€ = 238€

Saldo final acumulado a 1,25 = 304€ - 404€ = -100€
Saldo final acumulado a = 238€ - 404€ = -166€

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No mês de Abril, dezasseis novos membros entram para a rede, recrutados pelos bisnetos do Bruno; quatro são Executivos e doze são Básicos. O Bruno encomenda mais uma caixa das mais baratas e paga 72€. Cada um dos seus dois filhos, quatro netos e oito bisnetos procede da mesma maneira e injectam 50VC na rede. A perna mais forte do Bruno, a esquerda, é reforçada pela diferença final em VC entre as duas pernas em Abril (750VC). O Bruno tem trinta pessoas por baixo de si na rede.

Neste mês, e como o Bruno tem mais de 2.000VC na perna mais fraca– o equivalente ao cargo de Gestor -, haveria lugar a receber Bónus de alavancagem segundo as antigas regras. Vamos fazer cálculos para saber se compensaria.



No final do Abril, temos as seguintes contas:

Total de Custos do mês = 72€

Total de VC na perna mais fraca (a direita) = 1000VC + 750VC + 350VC = 2.100VC
Total de VC na perna mais forte (a esquerda) = 1000VC + 750VC + 350VC + 750VC = 2.850VC

Proveitos de Comissões de Volume de Equipa (10% da perna mais fraca) = 210$
Total de Proveitos Abril = 210$

Câmbio a 1,25: 210$ = 168€
Câmbio a 1,6: 210$ = 131€

Saldo final Abril (cambio a 1,25) = 168€ - 72€ = 96€
Saldo final Abril (cambio a 1,6) = 131€ - 72€ = 59€

Total de Custos acumulados = 260€ + 72€ + 72$ +72€ = 476€

Total de Proveitos acumulados 1,25 = 198€ + 24€ + 82€ +168€ = 472€
Total de Proveitos acumulados 1,6 = 155€ + 19€ + 64€ +131€ = 369€

Saldo final acumulado a 1,25 = 472€ - 476€ = -4€
Saldo final acumulado a = 369€ - 476€ = -107€

Cálculos adicionais para o bónus de alavancagem:

a)
25% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada filho (são dois filhos):

2 x 0,25 x 102,5$ = 51,25$

b) 8% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada neto (são quatro netos):

4 x 0,08 x 30$ = 9,6$

c) 8% sobre os ganhos do Bónus de Volume de equipa de cada bisneto (são oito bisnetos):

8 x 0,08 x 12,5$ = 8$

Total = 51,25$ + 9,6$ + 8$ = 68,85$

Nem sequer vale a pena cambiar este valor para euros. Já se vê que não compensa ao Bruno encomendar mais uma caixa de produto de propósito para receber este bónus, uma vez que ficaria a perder dinheiro. No plano antigo, tínhamos esta situação ridícula: um bónus que poderia, para o nível de entrada – o de Gestor -, fazer perder dinheiro em vez de pagar, conforma a situação. É algo que nem sequer consigo conceber que ocorra em qualquer situação que seja, quanto mais numa empresa que anuncia ter o melhor plano de compensações dos últimos cinquenta anos. Entretanto a Agel, para aumentar os seus lucros, eliminou o bónus de alavancagem para o nível de Gestor (e de Gestor Sénior), e acabou indirectamente por resolver esta “questão”.

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Deste exemplo de expansão da rede, a até esta parte da explicação, podemos ver que é necessário acumular um número volumoso de pessoas no downline por forma a recuperarmos o investimento inicial, e que esta recuperação ocorre na passagem do quinto para o sexto nível hierárquico.

Podem argumentar que manipulei a informação a meu favor, para poder fabricar e apresentar estes números, e que na realidade há pessoas que pagam o investimento logo no mesmo mês em que entram, conseguindo recrutam 15 Executivos de enfiada (bastaria, alias, entrar com um plano Básico e recrutar dois ou três Executivos para pagar o investimento). Respondo o seguinte: é verdade que manipulei os dados, mas não foi para obter qualquer proveito próprio, foi para tornar possível a apresentação do caso de forma homogénea, controlada e perceptível - para poder tratá-la, para todos os efeitos. O que se passa na realidade é que a rede não é simétrica nem regular na sua expansão. Há que nivelar todo um conjunto de situações para chegar a números que de outro modo só extraindo directamente da base de dados. Em contrapartida ao caso do recrutamento de 15 Executivos por uma pessoa no primeiro mês afirmo que, entre uma e outra situação, é mais provável nunca se chegar a recrutar ninguém - deve haver mais situações de pessoas que ficam em branco do que de pessoas que recrutam outras 15 no primeiro mês de "actividade". Também é verdade que se mudássemos, nesta simulação, o número de planos Executivos para dois em cada quatro inscrições, o caso apresentado mudaria de figura (ainda que não significativamente) e teríamos uma recuperação do investimento mais cedo na hierarquia, do quarto para o quinto nível. Mas também é certo que, mesmo nessas condições, se o Bruno tivesse entrado como Executivo, só do sexto para o sétimo nível recuperaria o investimento.

Para finalizar este artigo, uma última observação importante: até aqui tenho falado apenas em em recuperação do investimento, contando com a expansão contínua e regular da rede, mas interessa igualmente calcular as variações mensais de proveitos e custos por si só. Uma rede destas tem tendência para duplicar várias vezes por mês na fase de arranque do negócio, mas, à medida que se for aproximando da saturação de mercado, o crescimento abrandará quase a ponto de estagnar (e chegará inevitavelmente a uma situação de quase equilíbrio entre o número de novas adesões e o número de desistências). Numa situação de crescimento nulo ou aproximado, em que todos os Membros estão activos e a encomendar pelo menos uma caixa das mais baratas, os cinco níveis de baixo perdem sempre dinheiro. Mesmo que até ao quinto nível o investimento inicial tenha sido recuperado, se não houver mais crescimento na rede a partir dai, o ganho mensal por mês será negativo todos os meses. A situação concreta pode imaginar-se a partir do esquema que apresentei para Abril: se todos os círculos por baixo do Bruno gerarem 50VC, a sua perna mais fraca terá 750VC no final do mês, o equivalente a 75$. Para originar um valor mensal acima de zero (uma situação de lucro), um Membro terá de ter 900VC na perna mais fraca (considerando um câmbio de 1,25), ou 1.150VC (considerando um câmbio de 1,6).


No próximo artigo: cálculos para uma rede de 65.000 Membros, com representação de valores médios prováveis para todos os níveis da rede, quer para o individual, quer para o colectivo, e percentagens finais de ganhadores e perdedores (or should I say: predadores e perdedores?).

2 comentários:

Anónimo disse...

BOAS TARDES

nÃO SEI SE SOMOS OS BURROS ESPERTOS OU OS ESPERTOS BURROS....MAS NO QUE TOCA A LEGALIDADE DA AGEL CONVÉM INFORMAR QUE ESTE SISTEMA DE MULTINIVEL ESTÁ APROVADO PELA ASAE ......
OUTRA DUVIDA QUE MUITA GENTE FALA E NÃO DEVE CONHECER É QUE O NEGOCIO EM PIRAMIDE É QUANDO SÓ ENTRA DINHEIRO E AI SIM É ILEGAL...CABE ME INFORMAR QUE NESTE NEGOCIO ESTAMOS A ADQUIRIR UM PRODUTO OU SEJA EU COMPRO UM PRODUTO COM O DINHEIRO QUE DOU ....É COMO IR AO HIPERMERCADO....

ESPERO QUE FIQUEM ESCLARECIDOS

COM TANTOS MAGISTRADOS E ADVOGADOS SERÁ QUE SOMOS UM PAIS SEM INTELIGENTES????

OBRIGADO

Pedro Menard disse...

Caro Anónimo,

Não sei se somos um país sem inteligentes, mas que somos um país de distraídos, isso somos de certeza.

Basta pensar, só para dar um exemplo, que há gente que se dedica a escrever comentários acerca de sistemas multinível supostamente aprovados pela ASAE em blogs "da oposição" e nem se dão ao trabalho de ler esses mesmos blogs com atenção.

Quem sabe se não encontrariam, em mensagens mais atrás, as repostas objectivas da ASAE quanto à ilegalidade de alguns procedimentos no negócio desses sistemas multinível...

Também posso confirmar que somos um país de gente que opina a torto e a direito acerca de variados assuntos sem conhecer os fundamentos que suportam a veracidade desses assuntos, e como exemplo posso referir o da mesma pessoa que indiquei acima, no caso da distracção, que por acaso fala também em pirâmides ilegais apenas quando só há dinheiro a circular, e não sabe que a lei fala concretamente em produtos e serviços (ou se calhar sabe e não quer saber).

Aqui dou o braço a torcer: talvez este segundo exemplo mereça ser considerado como extensão do anterior, e por conseguinte uma distracção sem consequências de maior.

Obrigado.