terça-feira, 29 de abril de 2008

Cheating in Brasil

Anvisa fecha site de distribuidor Agel no Brasil

Depois de repetidos avisos a respeito da divulgação ilegal dos produtos da Agel no Brasil, por carecerem da devida autorização para serem comercializados no país, a Anvisa decidiu actuar no "terreno" e fechou o site de um distribuidor Agel ( www.agelnobrasil.net ).

Texto disponível para consulta aqui.

É do conhecimento público, para quem tem acompanhado o "fenómeno" de expansão desta empresa, que o mercado no Brasil já anda a ser anunciado para abertura há largos meses, mas que por motivos não especificados, essa abertura tem vindo a ser adiada de mês para mês. Neste momento fala-se em Junho, em Julho, e também em Setembro.

É provável, naturalmente, que estes adiamentos tenham que ver com a Anvisa. Seria suicida abrir no Brasil sem a devida autorização da entidade responsável pela aprovação dos produtos. Ao contrário de Portugal, para qualquer produto alimentar ser comercializado no Brasil, a Anvisa tem de o analisar, por forma a garantir que não representa qualquer ameaça à saúde pública.


Cheating in
Brazil (Hush-Hush)


É também do aparente conhecimento público que está em curso um processo qualquer de pré-recrutamento de membros no Brasil. É uma opção que aparece visível nalguns sites de distribuidores (como por exemplo esse ), e que é abertamente divulgado em certas comunidades Agel (como por exemplo a do Orkut).

Ora, para este processo de pré-recrutamento funcionar na prática, ele tem de estar suportado por um sistema informático central, onde são inseridas todas as candidaturas. De outro modo, como assegurar a correcta e justa distribuição de lugares na rede? ONDE estarão estas candidaturas a ser inseridas? O que se está a passar na realidade com a Agel e com o Brasil?

É simples: há uma pirâmide em expansão, apostada em rapidamente desenvolver uma rede, sem haver a respectiva movimentação de produtos. Há a utilização do back-office da Agel para inscrever membros. E há uma certa pressa em assegurar o recrutamento do maior número de membros ANTES que o mercado abra oficialmente, ou seja, antes que o resto do mundo todo entre a matar, diminuindo as hipóteses de sucesso à medida que o mercado satura. Não sei bem ao certo como se processa todo o mecanismo, mas através das conversas mantidas em duas comunidades do Orkut (essa e essa), é possível inferir algumas suspeitas:

Suspeita1 - Há brasileiros a recrutarem outros brasileiros para a rede.

Suspeita 2 - As inscrições para o Brasil já estão em curso há alguns meses, e são processadas no Back-Office oficial, acessível através do site principal da Agel.

Suspeita 3 - Há brasileiros com acesso ao Back-Office (num determinado post, entretanto já apagado, era mencionada uma ferramenta chamada "Flash Tree-view").

Suspeita 4 - Para contornar o problema da opção "Brasil" não disponível com país de origem no Back-Office, os membros eram recrutados como pertencentes a outros países. Neste momento é possível que já exista "Brasil" nas opções.

Suspeita 5 - Há uma certa preocupação por parte da Agel em negar que esteja a haver qualquer desenvolvimento da rede por vias travessas, embora seja evidente que a empresa está ao corrente da situação.

Suspeita 6: Os bónus derivados da adesão de novos membros, vulgo "comissões de início rápido", estão a ser pagos aos recrutadores. É a chamada pré-pirâmide a trabalhar a todo o gás...

Suspeita 7: Os produtos já estão a ser vendidos a "clientes preferenciais", que os encomendam directamente a partir do site Agel, servindo este processo para contornar a proibição imposta pela Anvisa. Os membros Agel que inscreveram esses "clientes preferenciais", assim com parte do upline, poderão estar a receber comissões efectivas sobre vendas, nesse caso em clara situação de ilegalidade.

Eis algumas citações de mensagens para ajudar a demonstrar a situação:

Colocada por "Ricardo Guimarães" na comunidade Orkut "Analise Marketing de Rede", tópico dedicado à Agel, dia 26/02/2008

"Ainda não disponível no Brasil

A Agel, em seus 2 anos de existência, atua em cerca de 40 países, mas infelizmente o Brasil ainda não faz parte desta lista. Isso porque os produtos da Agel aguardam a aprovação da Anvisa. Tão logo os produtos sejam aprovados, a empresa poder
á programar o início das atividades aqui. Até lá, por restrições legais, seus produtos não podem ser promovidos no Brasil.

Contudo, distribuidores já cadastrados na Agel no exterior, podem atuar em espaços como esse no debate sobre a empresa, mas não devem listar os produtos e suas propriedades funcionais. Também não é permitido a promoção dos produtos em websites.

Esses distribuidores antecipam-se à futura abertura e constroem suas redes através do cadastramento da equipe em endereço no exterior. Por determinação da própria Agel, os produtos não devem ser enviados ao Brasil, sob pena de descredenciamento do distribuidor. Assim, o mais sensato é o que promovo com minha equipe, efetuando apenas a inscrição no valor de U$ 37,80 que compra o direito de distribuição, mas não gera nenhuma remuneração associada a isso, visto que não há movimentação de produtos (ainda).

Não é possível determinar a data de abertura e quais os produtos estarão disponíveis. Sabemos de fontes seguras que o Brasil é uma das prioridades da Agel, visto que surpreendentemente Portugal ocupou a primeira posição do ranking nos países onde a Agel está presente. Em uma recente reunião, Randy Gage anunciando o crescimento em Portugal brincou desafiando os distribuidores americanos: "Tenho uma boa notícia. Os EUA está aberto".

Sabemos que os materiais da Agel já estão sendo traduzidos para o Português por conta desse surpreendente e benéfico resultado.

Tenho metas estabelecidas com o Randy Gage. Uma vez cumpridas e ocorrendo a abertura do país, teremos a presença desse ícone que clama ser o mentor dos mais bem pagos profissionais de MMN em diversas organizações nos EUA.

A oportunidade está aí agora e para o futuro, dependendo de quando (e se) você quiser se posicionar.

Sucesso"

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Colocada por "Daniel Melo" na comunidade Orkut "Marketing de Rede Profissional", tópico dedicado à Agel, dia 22/03/2008

"Notícia BOMBA !

Brasil já aparece no site da AGEL"

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Colocada por "Jacob Paulsen" na comunidade Orkut "Marketing de Rede Profissional", tópico dedicado à Agel, dia 25/03/2008

"Cuidado com aquilo que fala

Pessoal Eu Sou Jacob Paulsen diretor regional no Agel. Eu moro em Provo Utah ao lado da sede de Agel. Eu tenho participado em toda a obra de lancar o brasil. Em dia em dia eu falo com Glen Jensen, Craig Bradly, Zach Bradly, Dennis Tenney e outros em respeito da abuertura. Muitas das anuncios aqui nesse comunidade sao erradas. Agel nao vai abrir em Abril e nao vai aceitar pre-cadastros em brasil e nemhum outro mercado. Um cadastro official ou pre-cadastro de qualquer tipo nao vai ser aceitado pela empresa ate o lancamento offiicial no mercado. Agora tudo esta paracendo que a abuerta sera em Junho.

Entende bem que cada vez que agente fala algo da empresa que nao e estamos destruindo a credibilidade da empresa. Cuidado muito com aquilo que fala.

Obrigado Pessoal. Eu Sou Agel!!!

Jacob Paulsen"

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Colocada por "Nathanyel" na comunidade Orkut "Marketing de Rede Profissional", tópico dedicado à Agel, dia 05/04/2008

"Também estou cadastrado e ancioso pra entrada dela no Brasil."

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Colocada no site da "Industria da Decepção?", dia 10/04/2008, pelo Sr. Daniel Mendonça (proprietário do site http://www.agelteambr.com/ )

"Caros amigos o Brasil é o 4 pais, mas bem sucedido nesse mercado de mmn, em 2005 gerou, mas de R$12 bilhões, e existe muita gente que tinha uma vida qualquer e hoje pode ser dizerem que é rica que geraram fortunas com o mmn, porem você entra em um negocio como este sabendo de tudo o que acontece, e digo mais como todos negócios tem seus riscos, e eu creio que este seja um que tenha menor investimento e maior possibilidade de gerar riqueza. e quanto a o fato de pessoas terem gastado dotas as suas economias e se frustraram, e algo lamentável mesmo, mas é um risco que todos correm em tomar uma atitude como de tentar gerar o pró pio negocio, como poderia ter perdido todas as suas economias em uma lanchonete etc., mas eu vou ser bem sincero a respeito do mmn, eu era um pessoa que tinha a mesmo opinião sobre o mmn achava que era uma pirâmide, e que só quem era o primeiro ganhava, mas hoje com um executivo da agel eu vejo uma possibilidade de mudar de vida, pois sou um militar que ganha R$1.200,00 por mês e mal consigo viver e na agel com apenas uma semana de trabalho estou com um cheque de U$800,00, isso esta me proporcionado uma mudança de vida futura."

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Colocada por "Jorge Volotão" na comunidade Orkut "Marketing de Rede Profissional", tópico dedicado à Agel, dia 15/04/2008

"Já paguei U$37.10 e ja veio na minha fatura do meu MegaBonus desse mes.
Já vesti a camisa da Agel.
Que venha a PRIMAVERA então!!!"

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Colocada por "Wanderley" na comunidade Orkut "Marketing de Rede Profissional", tópico dedicado à Agel, dia 15/04/2008

"Estou fazendo ANIVERSARIO na Agel .

Completo um ano HOJE !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

15 DE ABRIL DE 2007

Eu sou Agel!!!"

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Colocada por "Adalberto Dalindo", no site da "Industria da Decepção?", dia 02/05/2008, no tópico dedicado ao fecho de um site Agel pela Anvisa.

"Quem fez essa denúncia, mostruo ser totalmente leigo quanto o funcionamento do sistema de distribuição da agel.
Através de indicações de amigos médicos, que residem nos EUA, procurei os produtos para comprar, e descobri que eles não são vendidos diretamente pelos distribuidores.
Por indicação, contatei um associado Agel, que me cadastrou gratuitamente no site da empresa, e através deste site pude encomendar os produtos que desejava, pagando com cartão de crédito.
A entrega se deu através da DHL, por vias formais e legais, com abertura das caixas pela Receita Federal, bem como, com fiscalização da ANVISA, cujos técnicos fizeram o fechamento das mesmas caixas, depois de vistotiadas, com uma fita gravada ANVISA.
Os produtos já estão autorizados para o consumo pessoal aqui no Brasil.
O sistema Agel não é venda direta, e quem acha que vai ganhar dinheiro vendendo o produto via sites de leilão, ou lojas eletrônicas, vai quebrara a cara, pois qualquer um pode comprar direto da empresa, por um preço único a todos, bastando para isso solicitar a um associado que o cadastre gratuitamente na empresa. NÃO É VENDA DIRETA!
Quanto aos produtos, não tenho dúvidas, pois quem me recomedou o consumo não é cadastrado na Agel, mas si, um renomado médico de uma empresa de pequisa e desenvolvimento de medicamentos dos EUA, e assima de tudo, um grande amigo de infância."

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Muitas mais mensagens e citações haveria a colocar neste espaço. Infelizmente, e depois da actuação da Anvisa, alguns comentários foram prontamente apagados ou retirados do ar.

Para quem pensava que o Brasil iria ser território virgem, uma eventual prancha de salvação para safar um negócio que tarda em descolar cá por Portugal (ainda para mais sendo coisa ilegal), desenganem-se. E tirem as vossas conclusões acerca do que se está realmente a passar...


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Bruno Grilo comenta a legalidade da Agel

Bruno Grilo, o Double Diamond Director Agel português, a pessoa que alegadamente mais dinheiro ganha com a exploração do negócio cá em Portugal, publicou recentemente no seu blog uma opinião sobre a legalidade do sistema de distribuição "directa" de produtos na rede.

Como não é todos os dias que isto acontece (e ainda estou positivamente estupefacto que tenha acontecido), o dito texto merece, de minha parte, uma atenção especial.

Eis o conteúdo do post:

«Quem me conhece sabe que não perco tempo a justificar ou comentar o que não necessita de justificação ou comentários. Quem me conhece sabe que estou sim em constante ACTIVIDADE POSITIVA para atingir os meus objectivos pessoais e da equipa, quer ao nível de bem-estar, desenvolvimento pessoal e independência financeira. Na vida, defendo de forma humilde que quem se dedica ao que acredita gera riqueza e conforto, e quem dedica o seu tempo ao que não acredita gera angústia e desconforto.
No entanto, vou dedicar alguns minutos sobre a total legalidade da distribuição MLM que a Agel escolheu para fornecer os seus fantásticos produtos ao consumidor.
"Todas as comissões têm por base o volume de vendas de produtos (directa ou indirecta) efectuados pelos membros de equipa, embora com diferentes métodos de cálculo dependentes do tipo de comissão ou bónus. Um membro de equipa não tem direito a um bónus ou comissão pelo mero patrocínio ou angariação de um novo membro de equipa. Desta forma a distribuição Agel EM NADA viola o Decreto-Lei n.º57/2008 de 26 de Março, que procedeu à transposição da Directiva n.º2005/29/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Maio."»

Divido esta mensagem em duas partes.

Temos um primeiro parágrafo apostado em distanciar-se de um assunto que pelos vistos não merece sequer que lhe seja dado qualquer atenção, porque alegadamente não há nada para justificar ou comentar - e que é, à falta de palavras específicas, a mais que certa legalidade operacional da Agel. Surpreende-me que Grilo, depois das respostas da ASAE e da DECO sobre o negócio da Agel, e que eu sei que ele leu, considere que o assunto não mereça sequer ser discutido. Por outro lado, não me surpreende nada. O melhor que a Agel tem a fazer neste momento, e uma vez que os comunicados não são oficiais (são meras respostas a cartas minhas), é manter o "low profile", não aludir directa ou indirectamente ao sucedido, enfiar as mãos nos bolsos, assobiar para o ar, e fingir que não se passa nada. Business as usual. Institucionalmente falando, e na minha opinião, esta atitude de ignorar opiniões contrárias, ainda por cima fundamentadas com textos escritos por instituições creditadas, é um tremendo erro. Interessaria esclarecer de modo claro e inequívoco todos o membros da rede acerca do que se está a passar. Não é com silêncio ou com evasivas constantes que se firma uma posição relativa a um assunto tão delicado e importante (a ponto de poder determinar a continuação ou o fecho da actividade da empresa cá em Portugal).
Neste primeiro parágrafo, temos ainda uma tentativa em desviar as atenções para uma outra vertente que não tem a ver com aspectos legais: a atitude de encarar a vida de forma positiva, em lutar pelo constante desenvolvimento pessoal em termos de bem estar físico e financeiro. Não tenho nada contra estes princípios orientadores. Tenho é contra a ideia de tentar justificar a legalidade de um negócio através dos mesmos. Para mim é coisa clara que todo e qualquer negócio, quer legal quer ilegal, beneficiará sempre da atitude positiva dos seus promotores. Parece-me, de resto, óbvio. Ninguém atinge o sucesso baseando-se em princípios orientadores derrotistas à partida.

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Na segunda metade da mensagem está aquilo que verdadeiramente interessa. O sumo. Preto no branco e sem desvios à norma. Justificações e argumentos para certificar a legalidade da Agel face à lei portuguesa. Poucos, mas concretos. Passo a comentar.

"Todas as comissões têm por base o volume de vendas de produtos (directa ou indirecta) efectuados pelos membros de equipa, embora com diferentes métodos de cálculo dependentes do tipo de comissão ou bónus."

Esta afirmação é falaciosa. Até parece que andamos todos a brincar ao jogo do finge-finge. Se todos fingirmos ao mesmo tempo, a coisa passa por verdade. Pode até acontecer que ao final de um tempo a gente acabe mesmo por acreditar que é verdade.

A realidade é "ligeiramente" diferente daquilo que Grilo afirma, e passo a esclarecer: quase todas as comissões têm por base o volume de vendas de produtos (directas ou indirectas) efectuadas pela Agel aos membros da equipa (por outras palavras, o volume de compras efectuadas pela equipa), embora com diferentes métodos de cálculo dependentes do tipo de comissões. (as excepções são: as vendas a retalho -que devem andar perto do zero absoluto -, e o bónus pago a todos os executivos decorrente dos resultados mensais da empresa).

Na Agel, os membros não vendem nada a ninguém (pelo menos a grande maioria de inscritos não vende). As comissões são calculadas face às compras que o downline faz à Agel. É pura hipocrisia chamar a estas compras "vendas que os membros fazem".

Em todo o caso, e considerando a perspectiva de Grilo, à mesma estaríamos em situação irregular, uma vez que a base de movimentação e escoamento da produção é para dentro da rede - algo inequivocamente relacionado com o conceito de Vendas em Pirâmide (vai-se sempre vendendo de uns para os outros - ou fazendo-os encomendar à companhia, com se de "clientes preferênciais" se tratassem -, hierarquia abaixo, sendo que os novos membros compram sempre a maior parte da produção quando entram no esquema).

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"Um membro de equipa não tem direito a um bónus ou comissão pelo mero patrocínio ou angariação de um novo membro de equipa."

Outra afirmação, e já são duas, que é falaciosa. Se conhecermos bem as tácticas para desviar o foco do recrutamento que Grilo utiliza nas suas explicações, ficamos a entender porque é que ele produz este tipo de argumento. Segundo Grilo, as comissões ou bónus de "início rápido" são ganhos resultantes de uma primeira venda de produtos aos novos membros. Coisa que aliás está em conformidade com a argumentação anterior (de que todas as comissões na Agel são resultado das vendas de produtos pelos membros). O problema é que: a) a inscrição de um membro na rede e b) a encomenda de uma primeira quantidade de produtos (quer seja no plano básico, com 4 caixas de produtos, quer seja no plano executivo, com 16 caixas de produtos), são actos indissociáveis. Ninguém pode entrar para a Agel sem fazer esta primeira encomenda mínima (temos até ao final do mês seguinte à data de inscrição para formalizarmos a encomenda, senão a candidatura não é aceite). Nunca pode haver a) sem b). Isto leva-nos à inevitável conclusão de que Grilo se está a aproveitar da simples manipulação de palavras para justificar o bónus. Dizer que o bónus de "início rápido" é resultado de "comissões sobre uma primeira venda" (como faz Grilo), ou que é resultado da angariação de um novo recruta (como Grilo nega) é uma e a mesma coisa. PORQUE SÃO ACTOS INDISSOCIÁVEIS.

Frequentemente encontramos propaganda ao negócio da Agel que menciona a possibilidade de "recuperamos o investimento inicial através do patrocínio de X membros".

Só para aconchegar melhor o assunto, eis de novo (pela sexagésima quinta vez neste blog), o texto que alude aos esquemas em pirâmide, no Decreto-lei 57/2008:

"Práticas consideradas desleais em qualquer circunstância:
r) Criar, explorar ou promover um sistema de promoção em pirâmide em que o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema."


Façam o favor de ler bem a parte que eu coloquei a bold, e depois comparem-na com a frase de Grilo:
"Um membro de equipa não tem direito a um bónus ou comissão pelo mero patrocínio ou angariação de um novo membro de equipa"

Grilo fala de um bónus ou comissão pelo mero patrocínio ou angariação de um novo membro. Contudo, a lei é muito mais abrangente que isto. A lei não especifica se é apenas pelo "mero patrocínio". A lei fala em "entrada de outros consumidores no sistema".

O facto é que a entrada de um novo membro/consumidor na Agel origina uma contrapartida directa a quem o recrutou, independentemente das palavras usadas para nos referirmos a essa contrapartida e independentemente de essa contrapartida decorrer de compras (ou do que quer que seja) que esse novo membro efectue.

Gostava de ver alguém da Agel a contrariar este facto. A sério que gostava.

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Desta forma a distribuição Agel EM NADA viola o Decreto-Lei n.º57/2008 de 26 de Março, que procedeu à transposição da Directiva n.º2005/29/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Maio."

Para terminar o raciocínio, Grilo conclui que "desta forma", devido às duas premissas argumentativas anteriormente enunciadas, a Agel não está a ofender o Decreto-lei 57/2008. Se essas premissas fossem verdadeiras, e sobretudo se fossem utilizadas de forma correcta, inequívoca, sem tentativas de esconder a realidade, eu seria o primeiro a concordar com ele.

Se: a) as comissões dos membros da Agel fossem todas calculadas sobre o volume de vendas reais que a equipa efectuou, a retalho ou para "clientes preferênciais" (em contrapartida ao sistema actual: premiar as compras feitas pela própria equipa); b) não houvesse qualquer tipo de bónus decorrente do recrutamento ou das compras efectuadas pelos novos membros aquando da sua adesão, eu seria o primeiro a concluir que as afirmações de Grilo correspondiam à verdade.

A premissa verdadeira no meio disto tudo, a que não é mencionada por Grilo mas que toda a gente sabe que é real, é a de que, para sermos bem sucedido na rede Agel, temos de angariar pessoas e incentivar os outros também a angariar. Temos de criar uma grande rede de compradores por baixo de nós na rede, por forma a gerarem dividendos. É dessa forma que o negócio funciona. Em suma, o nosso trabalho na Agel estará sempre orientado exclusivamente para o recrutamento de novos consumidores (em alternativa à venda efectiva de produtos para consumidores). É essa também a principal diferença entre Vendas em Pirâmide (sempre para dentro da rede) e Vendas Directas (sempre servindo de intermediário para o consumidor final). Em qualquer um destes sistemas, é natural que exista o consumo de produtos por parte dos aderentes.

Grilo não faz, por outro lado, qualquer referência ao Decreto-lei 143/2001. Será que se esqueceu desse "pormenor"? Ou será que "não vale a pena perder tempo a falar de assuntos que não necessitam de justificação ou comentário", como por exemplo as opiniões da ASAE e da DECO?

Por último, não quero deixar passar despercebidas as aspas utilizada por Grilo na sua avaliação legal ao modelo. Levam a crer que aquelas palavras não são dele. Na verdade, não são mesmo dele. São de Randy Gage, tal como proferidas num famoso vídeo de explicação do plano de compensações. Grilo, nos preciosos minutos que perdeu para dedicar a este assunto, não fez mais do que servir-se das palavras de outrem. Bravo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

O Ministro da Agricultura Português desaconselha...

... o consumo de produtos dietéticos sem controle.

Notícia do Público aqui .

Isto ainda a propósito do "caso Herbalife", que por sua vez derivou do caso "Depuralina" (empresa que entretanto parece ter ficado muda, depois de ter sido descoberto que funcionava ilegalmente em Espanha, sem a autorização devida para fabricar os produtos).

O blog "Indústria da Decepção?" fez um excelente trabalho de cobertura dos acontecimentos relacionados com a Herbalife nesse post.

Por outro lado, é uma óptima altura para relançar o debate sobre o FIT, da Agel. O "revolucionário" produto para emagracer que pode não ter listados todos os ingredientes no verso, e que pode não ser possível de comercializar no Brasil devido a conter Hoodia Gordonii, uma substância proibida pela Anvisa.

E então, Agel? Como é? Alguém na rede sabe ao certo o que é que está dentro da embalagem? É que, pelos vistos, e com atitudes incompreensíveis como as da vossa empresa, que rotula produtos com omissões na composição, nem nas palavras do Ministro da Agricultura podemos confiar, quando refere que devemos "ligar àquilo que vem escrito nos rótulo"...

E se um prospecto vos fizesse essa "fantástica" pergunta...?

E, já agora, aproveitando a embalagem, que tal um comentário sustentado a esta notícia?


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Análise ao documento: "Plano de Negócios"

Recentemente foi colocado à disposição dos membros da Agel em Portugal um documento de onde podem retirar "bons ensinamentos" no sentido de promoverem o negócio da Agel "como deve ser", segundo um conjunto de regras sugeridas pela companhia.

Esse documento, com o título de "O Meu Plano de Negócios Agel", pode ser obtido publicamente para download no site http://www.universalagelteam.com (e por link directo: aqui ).

No seguinte artigo, viso comentar algumas passagens que podemos encontrar no referido documento, e evidenciar em que consiste, ao certo, fazer parte da rede Agel. Pretendo também comparar os "ensinamentos" presentes no documento com com uma das cláusulas do contrato Agel (a 8.4).

Gostaria ainda de alertar para o começo do aparecimento das chamadas "tools" de apoio ao negócio, um conjunto de materiais de compra "facultativa" (CD's, DVD's, revistas, etc.) que costumam acompanhar a par e passo as empresas da "indústria do MLM", e que geram, para os seus patrões, por vezes um lucro maior do que as próprias vendas de produtos (por incrível que pareça). No caso da famosa Amway, também uma pequena percentagem de "distribuidores" no topo da pirâmide recebem lucros derivados da venda de "tools" para dentro da rede, algo que, quando foi posto a descoberto há poucos anos atrás, originou um escândalo de proporções ainda por determinar. As "ferramentas" são profusamente mencionadas ao longo do "Plano de Negócios" Agel, como terão oportunidade de confirmar se o lerem.

O documento da Agel, de apresentação extremamente cuidada e apelativa (os meus sinceros parabéns à equipa que tratou do seu grafismo), começa com o interessante seguinte parágrafo:

"Parabéns por ter tomado uma das melhores decisões que alguma vez tomou na sua vida! Escolheu uma das oportunidades de negócio em maior crescimento no mundo actualmente, ideal para o ajudar a desenvolver um rendimento suplementar significativo, ou mesmo total liberdade financeira. Seja qual for a perspectiva, provou ser um líder. Alguém que não se contenta com a mediocridade e a mentalidade tacanha, alguém que sabe que existe uma melhor forma de viver. Acabou de a descobrir."

Logo na abertura, podemos ficar com uma pequena ideia acerca daquilo que virá a seguir... Fica bem claro que a perspectiva é considerar medíocre e mentalmente tacanha a atitude de quem não se junta ao "negócio". Este "padrão comportamental" não é novo no MLM. Quem já foi convidado a entrar em qualquer companhia de MLM e tenha, por alguma razão, recusado, é olhado, e sempre será, como alguém de vista curta, pouco inteligente, alguém que não passa de um fracassado sem nenhum posicionamento positivista em relação à vida. Em contrapartida, quem decidiu aderir à rede só pode mesmo é ser considerado um líder. Não faltam exemplos desta atitude em inúmeros fóruns de discussão na Internet.

Mais à frente, temos o seguintes incitamentos:

"Nesta fase inicial, é fundamental que actue da forma indicada por este guia. O sucesso chega sempre a quem aceita conselhos e está disposto a actuar segundo o que aprendeu. Por favor. Pode questionar mais tarde. Neste momento, você é novo e queremos que alcance o maior sucesso possível. O que vai ler aqui são “as melhores práticas" comprovadas e testadas ao longo do tempo e que funcionam. Por isso, pedimos-lhe que complete os passos deste plano exactamente como eles são descritos, e aí terá a melhor oportunidade para atingir o sucesso."

"Este guia está concebido para acompanhar o CD áudio “O seu Plano de Negócios Agel". Recomendamos que oiça a primeira vez em casa, onde poderá tirar apontamentos neste guia."

"Não fale a ninguém do seu novo negócio até terminar esta formação. É melhor não tentar explicar a Agel até saber o que dizer e que ferramentas utilizar no processo."

Nada de novo até aqui. É seguir o que diz no manual, no CD, e não abrir a boca enquanto não se souber ao certo o que dizer.

Atentem à seguinte falácia, por favor:

«O que vai ler aqui são “as melhores práticas" comprovadas e testadas ao longo do tempo e que funcionam.»

Em que bases de amostra foram testadas estas práticas para sabermos que funcionam mesmo e que são comprovadas? Quantas pessoas foram submetidas a estudos para verificar estas "práticas comprovadas", que regras regeram a sua medição e onde estão os estudos para nos mostrar os resultados?

Isto é totalmente FALSO
. É a chamada pseudo-ciência.

Curioso também é o facto de todo o resto do manual não oferecer nenhuma vertente explicativa em relação ao funcionamento do Plano de Compensações, dos procedimentos informáticos para trabalhar no Back-Office, ou do próprio Contrato, porventura as partes em que os novos inscritos têm mais dúvidas (ou não sabem nada, de todo). Mais à frente vamos até encontrar alguma passagens curiosíssimas acerca deste assunto, dizendo para ninguém se preocupar com essas questões porque não são essenciais, e porque "se vai aprendendo com a experiência" (ou seja... quando derem por vós, quando descobrirem algumas questões menos evidentes no contrato e no plano de c., então já será tarde para voltar atrás).

Adiante.

"AS CINCO COISA QUE NÃO PRECISA PARA ATINGIR O SUCESSO COM A AGEL"

3. APROVAÇÃO DE OUTROS
"Uma das tristes verdades da vida é que nem toda a gente está preparada para o sucesso. Obviamente, quase toda a gente lhe dirá que querem ter sucesso. Mas, infelizmente, algumas pessoas contentam-se em ser "vítimas profissionais" e arranjam desculpas para não atingirem o sucesso. Não fique surpreendido por alguns dos seus amigos e familiares não entrarem no negócio e, até, desacreditarem-no por você entrar. É lamentável, mas algumas pessoas sentem a necessidade de atacar aqueles que lutam por algo mais na vida. Ao fim ao cabo, se atingir o sucesso irá destruir as desculpas deles para não atingirem o sucesso.

O que eu acho triste e lamentável é considerarem os conselhos de amigos e familiares como uma "necessidade de atacar aqueles que lutam por algo mais na vida". E, para rematar o assunto, justificam a atitude com a hipótese dessas pessoas, mais tarde, se sentirem contrariadas com o vosso eventual sucesso. Muito mais baixo que isto não podemos ir, em grau de mesquinhez. É um apelo directo a fazermos orelhas moucas aos avisos de quem convive mais de perto connosco - mesmo que eventualmente possam ter razão.

Eu nem posso acreditar que palavras destas possam ser encontradas num manual de actividade para iniciados de uma empresa. Mas de facto, estão lá. É ler para crer.

Em vez de ouvir e tentar esclarecer, mais vale contornar as opiniões negativas. Votá-las ao silêncio da indiferença. Na prática, é um pouco como promover um esquema em pirâmide disfarçado de negócio legítimo e considerar todas as denúncias como "opiniões destrutivas", feitas por gente que "tem uma evidente frustração e inveja pelo sucesso dos outros".

Em alternativa, que tal pedirem às pessoas para se informarem devidamente, tipo, junto das entidades reguladoras do "comércio" proposto por esta companhia? Será que essas entidades também "sentem necessidade em atacar quem pretenda algo mais na vida"?

Vão diverti-lo com histórias de terror sobre pessoas que tentaram outros negócios e falharam, e dar-lhe-ão todo o tipo de razões para a Agel não funcionar consigo. O melhor é dar a estas almas “bem-intencionadas” um sorriso irónico, agradecer as suas opiniões, ser forte na sua determinação e manter-se concentrado no que é correcto para si.

Continuando a baixar em mesquinhez, a proposta da Agel não é OUVIR E VERIFICAR AS RAZÕES E AS FONTES DA APREENSÃO, é antes devolver um "sorriso irónico" a quem lhe lançou o aviso (a quem lhe contou as "histórias de terror", certamente carregadas de vampiros e chupistas que só pretendiam sacar dinheiro). Muito bem. Grande atitude positiva. Como podemos acreditar numa companhia de atropela um dos mais básico sentidos de orientação: ouvir os dois lados da questão e avaliar o todo como resultado dessa medição. Mais: como podemos acreditar numa companhia que nos sugere lançar sorriso irónicos à pessoas que nos estão mais próximas em troca de um negócio que não conhecemos de lado nenhum? A ironia aqui é que são essas mesmas pessoas que provavelmente vamos abordar em primeira mão para fazerem parte da trama.

Decida por si em quem quer confiar.

Não necessita da aprovação de ninguém excepto de si próprio. Por vezes, até a sua mulher ou namorada podem não aprovar o seu negócio de marketing multinível. Esta é, na verdade, uma resposta inicial frequente, mas já vimos milhares de pessoas que construíram negócios enormes sem a ajuda das respectivas mulheres. Todavia, não se surpreenda se quando ganhar uma viagem ou um cruzeiro gratuito ao Havai e/ou um carro bónus da Agel elas entrem no negócio entusiasticamente e as coisas melhorem de imediato!

Siga 'prá frente, mesmo sem o apoio de ninguém. Quando se der conta de que não encontra quem se queira juntar à sua rede, talvez então comece a ouvir as opiniões de todos na mesma base de partida de aceitação.

Uma viagem ou um cruzeiro gratuito no Havai e/ou um carro bónus da Agel. Certíssimo. É com o acenar de prendas destas que se puxam as pessoas para dentro de um negócio. Pena é que para atingir estes "luxos gratuitos" muito recrutamento haja pela frente. Isso mesmo: recrute algumas centenas de pessoas para a Agel, que a empresa não se importará nada de lhe oferecer estes bónus adicionais (totalmente gratuitos). Tente vender os produtos através da Venda Directa e fique no fundo da pirâmide para o resto da sua vida.

Todavia não se esqueça que, se fracassar, haverá lugar ao reverso da medalha. Não se surpreenda se alguém vier ter consigo a dizer: "Eu avisei-te para não entrares".


"4. MAUS CONSELHOS
Muitas vezes um novo membro da equipa envolve-se com a Agel e recebe aconselhamento bem intencionado de amigos que nunca construíram uma rede de contactos na vida. Se quer aprender a pilotar aviões, é melhor aconselhar-se com um piloto experiente. Se quer subir ao Evereste, fale com alguém que já o tenha feito. Do mesmo modo, se quer desenvolver um negócio Agel, olhe para a sua linha de patrocinadores e procure alguém que já o tenha conseguido. São essas as pessoas a quem pedir conselhos. Nunca aceite conselhos financeiros de pessoas falidas! Os melhores conselheiros são as pessoas de sucesso."

Logicamente, se pretende subir na pirâmide, nada como falar com quem já o conseguiu. Terá todo o apoio necessário para o ajudar a recrutar mais e mais pessoas. Torne-se um autêntico profissional a convencer os outros a aderiram à rede. Mau conselho, realmente, seria falar com quem não pretendeu fazer parte deste esquema.

Uma pergunta: quais serão, na realidade, os maus conselhos?

"Nunca aceite conselhos financeiros de pessoas falidas! Os melhores conselheiros são as pessoas de sucesso.", diz o texto.

Gostava de saber quem foi o responsável por estas duas frases, e em que é que se baseou para urdir tão brilhantes conclusões. Isto é mais uma tentativa de suave lavagem cerebral - mais um empurrão para que os recém-membros da Agel não liguem à "especulação negativista". Porque não aprender também com os casos de insucesso? Creio que deles se podem tirar muitos ensinamentos úteis. Descartar esta hipótese é, pura e simplesmente, ser-se burro.

"Os três passos abaixo já devem estar feitos quando se inscrever junto do seu patrocinador. Por favor, verifique que já foram feitos.

PASSO 1 – INSCRIÇÃO COMPLETA
(...)

PASSO 2 - PEDIDO DE ACTIVAÇÃO EXECUTIVO
Este é o seu primeiro pedido dos produtos Agel. Como construtor de um grande negócio, o pedido deve ser sempre o Kit Executivo Agel. Isto permitelhe ter uma ideia geral dos produtos Agel, estabelece uma ligação com três centros de recepção e permite-lhe ganhar em todos os aspectos do plano de compensação. Começar com o Kit Executivo significa que você tem produtos suficientes para o seu próprio uso, amostras para dar aos prospectos e um inventário extra que poderá emprestar aos novos membros da equipa enquanto aguardam os seus próprios Kits Executivos.

Não basta, portanto, segundo os conselhos da empresa, aderir ao plano básico, que custa cerca de 250€. O que deve ser sempre pedido é o Kit Executivo, no valor de 960€. Curioso é o conjunto de ideias que dão como possível destino às 16 caixas de produtos que vêm no Kit: consumo próprio, amostras para desenvolver o negócio, empréstimos, em caso de necessidade, aos novos membros - nenhuma delas se refere a VENDER OS PRODUTOS A RETALHO.

Ora, se bem me recordo, a cláusula 8.4 do contrato da Agel diz o seguinte:

"8.4 A new Team Member’s primary source of business income is derived from selling the products at the suggested retail price. The retail profit is the difference between the Retail Price and the Team Member price of the product, less shipping costs.

(A fonte primária de proveito comercial de um novo Membro é derivada da venda de produtos ao preço sugerido de venda a retalho. O lucro do retalho é a diferença entre o preço a retalho e o preço que o novo Membro pagou pelo produto, menos despesas de envio)


Está-me a escapar alguma coisa, ou há aqui uma verdadeira contradição entre o que está no contrato e o que vem sugerido como de fundamental importância neste "Plano de Negócios"?

Por aqui se percebem as verdadeiras intenções da Agel para com os seus membros. Vender é o que menos interessa. O recrutamento é o caminho a seguir para se ser uma "pessoa de sucesso".

Por outro lado, surpreende-me não ver neste parágrafo do manual um: "Se não tiver essa quantia - 960€ -, peça emprestado".

Lembre-se que a diferença entre perder 260€ e perder 960€ não é pequena - e que só tem 1 mês de prazo para poder devolver os produtos. Se está a entrar na Agel sem ter absoluta certeza em relação aos processos e mecanismos que movem o negócio, é melhor jogar pela prudência. Em qualquer altura pode mudar de plano para Executivo. Não faltam casos na Internet de pessoas a tentarem vender o excesso de encomenda a preços abaixo daquilo que pagaram.

PASSO 3 - ESTABELECER O AUTO-ENVIO
Um dos aspectos mais importantes do seu negócio é o programa de autoenvio . Este programa assegura que nunca ficará sem produto e que está sempre habilitado a quaisquer comissões e adiantamentos que ganha. É o motor que mantém o seu negócio em perfeito funcionamento. Também permite à empresa prever a procura e assim garantir que existe produto em stock disponível. Recomendamos vivamente que tenha um auto-envio mensal de 200 CV. As famílias maiores irão necessitar de mais. É fundamental que utilize os produtos você mesmo e assim possa testemunhar como são verdadeiramente fantásticos. Normalmente, referimo-nos a isto como a sua "história Agel". Este é o seu testemunho pessoal do que os produtos Agel fizeram por si. Por outro lado, quererá sempre ser cliente de si próprio. Nunca quererá ter um produto de "marca X" em sua casa que a Agel também disponibilize. Muitas pessoas pensam nisso como a “renda" para o seu novo negócio. É um investimento em si próprio. Não pense nisto como uma despesa adicional porque não é esse o caso. Muitos dos produtos que utiliza está na realidade a "comprar por transferência" os artigos que teria de pagar nas lojas. Outros produtos (como o FIT, por exemplo) permitem-lhe, na realidade, poupar dinheiro extra na mercearia. E as possibilidades de poupanças a longo prazo em custos médicos e de saúde podem ser bastante importantes.

Eis um incitamento directo à encomenda automática mensal. 200 CV correspondem a nada menos que 4 caixas de gel, com um preço total a rondar os 260€. E - atenção - "não veja isso como uma renda". É um "investimento em si próprio". E ainda, se consumir duas embalagens de FIT por mês (com um custo de 130€), é certo que ficará com menos apetite, e logo gastará menos dinheiro na alimentação (menos 130€, porventura). Substitua parte da sua alimentação por um produto para emagrecer com capacidades inibidoras de apetite. É um óptimo conselho para seguir, dado por uma empresa que o pretende como grande consumidor/comprador dos seus produtos. (e se não tiver dinheiro... olhe, peça emprestado)

Produtos X? De outras marcas? Lixo com eles. Quem vai acreditar em si se é um "distribuidor" Agel e depois consome Centrum em casa? Nem sequer questione se esses outros produtos são melhores ou não. Isso não interessa para nada. O que interessa é mesmo que consuma Agel. No livro "Merchants of Deception", o autor descreve o ambiente que era imposto pelos membros da Amway dentro da própria rede - cada um era incentivado-obrigado a desfazer-se de qualquer produto concorrente que utilizasse em casa. A coisa chegou a ponto de haver "rusgas" aleatórias a casas de "pessoas do downline" para verificar o grau de lealdade à rede.

O bom senso, contudo, manda de outra forma. Antes de se colocar a encomendar produtos Agel a torto e a direito no sistema auto-ship, e se de facto entrou para o negócio a pensar nisto como um negócio, mais vale deixar que o downline se encha de outros consumidores, para que esse investimento mensal em produtos fique pago. Não é preciso ser-se um grande génio para perceber esta parte. Encomendar logo de início 4 caixas de produtos por mês serve só para alimentar os lucros do upline, nada mais. É um investimento em "si próprio" que vai parar ao bolso de outras pessoas.

Quanto ao FIT (por exemplo), consulte um especialista em nutrição, antes de começar a trocar a sua alimentação diária por uma mistela que não conhece de lado nenhum. Pelo menos fica devidamente informado por alguém que é isento ao negócio. Se o seu interesse, por outro lado, é a vertente não comercial da questão, se está interessado na suposta "qualidade de Ferrari" dos produtos Agel, pergunte a esse mesmo especialista que alternativas há no mercado que equivalham aos artigos da Agel e veja quanto consegue realmente poupar por mês.

"PASSO 1 – “VÁ DIRECTO AO ESSENCIAL”
As pessoas que atingem o sucesso com a Agel são aquelas que fazem compromissos e os mantêm. Por favor, leia e assine o formulário "Os Dez Mandamentos Essenciais de um Líder Agel" disponível na página seguinte
(...)
“Ir directo ao essencial” significa fazer as dez acções, não apenas as que
gosta.!
(...)
Eu,__________, comprometo-me perante o meu patrocinador, a Agel, e, mais importante que tudo, perante mim mesmo, a “ir directo ao essencial” e perseguir a oportunidade AGEL com a maior intenção de sucesso. Vejo o meu negócio com uma mentalidade empresarial. Reconheço que os meus primeiros seis meses são uma experiência de aprendizagem e que a oportunidade AGEL é um plano de dois a quatro anos. Desse modo, vou trabalhar pelo menos dez horas por semana no meu negócio durante um ano e depois fazer a devida avaliação."

Ou seja, se por a algum motivo o negócio não se tornar um sucesso, se chegou à conclusão de que não gosta desta vida, se alguma vez quiser desistir depois de findo o mês para devolução de produtos com direito a devolução de dinheiro, azar! Acabou de ficar sem o seu investimento. A título permanente. Mas não se preocupe, a sua experiência de vida ganhou um novo forte ensinamento.

É importante, mais uma vez, salientar o seguinte: todos os produtos Agel têm 1 ano de prazo válido de consumo. Não se justifica que a Agel não dê esse mesmo prazo para aceitar devoluções de mercadoria, para mais violando directamente o "rígido" código de conduta da D.S.A. Também é nestes "pequenos" pormenores que se apanha a verdadeira honestidade empresarial.

É hipócrita promover um sistema nestas bases e depois vir pedir às pessoas para ficarem na rede durante este tempo todo, que, de resto, sem outras variáveis à mistura, até acho apropriado.

"COMPROMETO-ME A:
1. Ser um Produto dos Produtos. (Use todos os produtos você mesmo, utilize o auto-envio, arranje pelo menos dez clientes preferenciais, leve os seus packs de gel para todo o lado)

Falar é fácil. Arranje 10 clientes preferenciais? Isso não será o que toda a gente quer? Na impossibilidade disto acontecer... olhe, recrute-os! Melhor ainda, recrute 100 pessoas. É sucesso garantido.

2. Manter-me Ligado ao Sistema de Equipa. (Esteja presente nas Formações em Liderança, transfira a informação para as pessoas que tem na linha da frente, mantenha o sistema sagrado para uma duplicação máxima)

3. Iniciar o meu Negócio com uma "Grande Inauguração". (Angarie pelo menos 80 a 100 candidatos na sua prospecção para encontrar algumas “estrelas” e criar entusiasmo e dinâmica.)

80 a 100 candidatos? Pelo menos? É fácil... basta... hmm... pegar na lista telefónica a começar pela letra -A-.

4. Arranjar um Parceiro de Treino para ambos nos responsabilizarmos. (Dê-lhes os seus objectivos diários/semanais e conversem pelo menos uma vez por semana)

5. Expor o negócio Agel a pelo menos ____ pessoas por dia, _____ dias por semana. (Não pode controlar as inscrições mas pode controlar quantas pessoas têm a oportunidade de avaliar a Agel)

Ponto mais ou menos repetido com o 3 (falta a parte da inauguração). Preencha 20 ou 25 no primeiro espaço e 5 no segundo.

6. Organizar ou Apoiar um Briefing de Negócios Agel (ABB) Regularmente. (Se não existe um na sua área, crie um)

7. Trabalhar “O Meu Plano de Negócio Agel" com todos os meus Inscritos Pessoais.

8. Comparecer e Participar em todos os Eventos Empresariais e de Equipa Apropriados. (Traga prospectos, ajude, seja pontual, sente-se na primeira fila, vista-se de forma profissional)

9. Praticar Diariamente o Auto-desenvolvimento. (Comece cada dia com pelo menos 30 minutos de crescimento pessoal positivo)

Em frente a um espelho. Funciona melhor, segundo dizem. Lembram-se do Taxi Driver? "You talkin' to me?"

10. Fazer o que é Correcto em Todos os Momentos. (Diga a verdade, edifique os outros, honre os prospectos dos outros membros da equipa, cumpra o que prometeu)

Perceba o que são Vendas Directas na realidade, entenda porque é que a Agel é sócia da DSA, estude e entenda o que é um "esquema em pirâmide", compare o que diz a lei portuguesa àquilo que aprendeu, não menospreze a opinião das outras pessoas (mesmo que sejam contrárias ao "espírito positivista Agel"). Depois disto tudo, decida se tem vontade para andar a convencer outras pessoas a juntarem-se à rede.

Comprometo-me a “Ir Directo ao Essencial”, a viver segundo estes princípios e a estar aqui dentro de um ano!"

Esta parte (os "10 mandamentos") é, na realidade, um programa normalíssimo de apoio e motivação à área comercial/vendas. Estes "ensinamentos" são utilizados em qualquer ambiente/sector comercial . Aqui acontece a agravante de serem enfiados a martelo, sem o respectivo curso profissional a suportar. Em contrapartida, há CD's e DVD's e revistas com tudo aquilo que é necessário... basta comprá-los.


"PASSO 4 – ENCOMENDAR AS SUAS FERRAMENTAS PARA DESENVOLVER O NEGÓCIO

Como acontece em qualquer negócio, existem alguns materiais que terá de encomendar para trabalhar eficiente e eficazmente. Na Agel, irá ter sucesso muito mais rapidamente e duplicar melhor esse sucesso com a sua equipa se utilizar as suas ferramentas comprovadas. Estas ferramentas foram concebidas para dar ao seu prospecto a informação fiável acerca da oportunidade Agel de uma forma profissional. Utilizando estas ferramentas de terceiros, você não terá de ser um especialista para começar a ter sucesso. Aponte simplesmente a ferramenta e deixe-a fazer o trabalho. Isto permite a toda a gente fazer o negócio eficazmente sem possuir competências, talentos, formação, experiência ou títulos académicos especiais.

Para as suas ferramentas de recrutamento, aceda a www.AgelBusinessTools.com"

Cá estão elas, as "tools". Um conjunto de materiais promocionais que "como acontece em qualquer negócio, você terá de encomendar para trabalhar mais eficazmente". Então e porque é que "isto" não vem logo no Kit inicial? Explicação 1 - Porque a Agel quer ganhar (ainda mais) dinheiro às suas custas. Explicação 2 - Porque alguns destes materiais, quase todos, na verdade, são equivalentes a consumíveis. Gastam-se (entregam-se a prospectos) ou renovam-se (revistas novas todos os meses). Na verdade, estes items são um must na industria do MLM, com já referi anteriormente. Não estaríamos à espera de outra coisa por parte da Agel...

Pergunta: se a pessoa que mais dinheiro ganha com a Agel cá em Portugal não precisou de nenhum destes materiais (até porque ainda não estavam a ser promovidos pela Agel) para recrutar dezenas de pessoas, porque necessitariam outros de os comprar?

Vejam só este comentário, presente na Internet desde 2005. O primeiro parágrafo é elucidativo daquilo que estou a dizer.


PASSO 5 – COMPLETE A SUA LISTA DE CONTACTOS COM PELO MENOS 100 NOMES
Este é um dos passos mais importantes. Não o ignore e não o deixe a meio. Comece a escrever os nomes de todas as pessoas que conhece. Não faça julgamentos antecipados: "Bem, ele ganha muito dinheiro, não vai estar interessado", "Ela não gosta de vendas, nem olharia para isto", etc. Um erro destes pode custar-lhe milhares de dólares a longo prazo. Por isso não julgue, apenas escreva os nomes.

Aqui, confesso, a coisa começa a ficar divertida. A ideia é mesmo melgar TODAS AS PESSOAS QUE CONHECEMOS (tudo o que vem à rede é peixe). As ideias dadas de seguida são, reconheço, muito originais e variadas, indo muito para além da chamada "esfera pessoal", se não vejamos:

PESSOAS A QUEM PAGA REGULARMENTE:
Faça uma lista das pessoas a quem paga regularmente, por exemplo todas as semanas ou todos os meses. Para começar, escreva o merceeiro, o dono da estação de serviço, o dono da lavandaria, o cabeleireiro, o personal trainer, etc.

PESSOAS A QUEM PAGA OCASIONALMENTE:
Esta lista pode incluir o seu farmacêutico, o canalizador, o decorador, o empregado da loja de roupa, o vendedor de móveis, o limpa-carpetes, etc. Inclua todas as pessoas a quem compra artigos e serviços de vez em quando.

PROFISSIONAIS LIBERAIS:
Pense nos profissionais liberais com quem lida frequentemente, como médicos, advogados, dentistas, padres, professores, etc.

ORGANIZAÇÕES A QUE PERTENCE:
Então e a igreja, o templo, a sinagoga a que vai, os clubes a que pertence, e as reuniões de associações em que participa?

AMIGOS, VIZINHOS E FAMILIARES:
Esta é uma lista enorme, englobando provavelmente pelo menos 100 ou 200 pessoas por si só.

AMIGOS DA ESCOLA:
E as pessoas com quem andou na escola? Não esqueça a formação contínua, as escolas de vendas e escolas profissionais que possa ter frequentado. Com a Internet, estes contactos estão à distância de um botão.

TRABALHOS ANTERIORES:
No seu trabalho anterior tinha um círculo de amigos e conhecidos com quem costumava trabalhar. Para além disso, deve conhecer pessoas que costumava considerar como concorrentes ou que estavam na concorrência na altura.

DIVERSÃO:
Joga golfe ou ténis, nada ou joga softball? Participa numa liga amadora? Pense nas pessoas com quem partilha estas actividades.

Forças armadas:
Se serviu nas forças armadas, pense nos homens e mulheres com quem trabalhou. Provavelmente terá uma relação forte com muitas destas pessoas.

CARTÕES DE NEGÓCIOS:
Passe em revista a colecção de cartões de negócios que tem acumulado na sua secretária e na “gaveta da tralha”!

QUEM É O/A SEU/SUA …
Carteiro
Jornaleiro
Dentista
Padre/rabi
Florista
Advogado
Contabilista
Agente de seguros
Congressista
Farmacêutico
Veterinário
Empregado(a) de mesa favorito
Talhante/padeiro
Bancário
Pintor
Agente de viagens
Cabeleireiro
Fotógrafo
Arquitecto
Exterminador
Trabalhador de lavandaria
Mecânico
Senhorio
Merceeiro
Limpa-carpetes

Há mais exemplos deste nos manual, sendo que os casos citados servem apenas para ilustrar algumas curiosidades. Com que então os PADRES são potenciais prospectos!!!! Inacreditável! Estou mesmo a ver o Sô Prior a guardar a batina do culto (ou não) e a juntar uma roda de fiéis à porta da igreja para lhes passar a "boa nova". Que pessoa melhor haverá para convencer os "descrentes"? Estou mesmo a imaginar o discurso... ("E Deus disse: felizes os que tomam Agel, porque será deles a riqueza dos céus"...). Por outro lado, parece-me que em certo tipo de ambientes (tipo IURD's), este esquema passará por uma ameaça ao negócio que já está ser promovido pelos manda-chuvas locais (hahaha). Outra classe que acho piada ser mencionada é a dos políticos ("congressistas" é.... enfim... a tradução à letra da designação de um certo cargo político nos E.U.A., cá em Portugal seriam os "deputados"). Com políticos e padres "no bolso", com essa protecção especial, tanto divina como legal, este negócio não tem como dar errado! Sugiro que a Agel proponha o seu esquema de enriquecimento certo como medida para acabar com a pobreza cá em Portugal. Com o apoio de um programa especial do governo, e devidamente acondicionada pela Igreja Católica, dentro de dois ou três anos Portugal terá crescido mais do que qualquer outro estado na Europa. A dívida pública e o desemprego serão coisas do passado porque TODA A GENTE ESTARÁ INSCRITA NESTA REVOLUÇÃO...

Ahhh.... esperem lá... isto não dá para todos. Só 10% é que ficam com a massa. Todos os outros perdem dinheiro e pagam os rendimentos desses 10%. Peço desculpa. Deixei-me levar pela emoção. O mais certo seria o país acabar numa série de motins, como aconteceu na Albânia, há pucos anos atrás...


PASSO 2 - O ESTRONDO “CHOOSING SUCCESS”
Vai querer arranjar pelo menos 50 Mag Packs de "Choosing Success" para os prospectos nos seus primeiros 10 dias (média de cinco por dia). Sublinhe que devem ver o DVD The Agel Phenomenon que está incluído. Obviamente, nem toda a gente irá vê-lo de imediato mas o seu objectivo é ter pelo menos 25 a 30 exposições de qualidade, ou seja, as pessoas que efectivamente viram a apresentação.

PASSO 4 - ESTRONDO À DISTÂNCIA
Para este passo, envie pelo menos 10 pacotes de informação para candidatos que vivam afastados de si. Este pacote deve incluir o Mag Pack "Choosing Success", o catálogo de produtos "Vibrant Living Journal" e três ou quatro amostras de produtos (embrulhadas em envelopes almofadados para os proteger. Coloque uma nota escrita à mão com algo como: "URGENTE: veja o DVD no interior, reveja e diga-me o que achou.”

Também pode utilizar a versão on-line da apresentação em DVD para trabalhar prospectos à distância e internacionais. Para mais informação em como utilizar a versão de qualidade DVD em Pay-Per-View, aceda a www.AgelMediaOnline.com. Utilize o código promocional agelpromo para receber 2 visualizações GRATUÍTAS e ver como funciona.

PASSO 7 - ESTRONDO LARGADO
Deixe cinco ou dez mag packs Choosing Success em dez locais diferentes no seu comércio local. Por exemplo, na lavagem automática, no cabeleireiro, na sala de espera do consultório, nas entradas dos hotéis, nos cafés, etc.

"Entre para a Agel: compre 250€ em produtos e 1500€ em materiais motivacinais de apoio ao negócio. Irá precisar deles para fazer render os 250€. Acredite em nós, o sistema está provado!"

Por esta altura, já só me ocorre pensar: para além da Agel, haverá mais alguém a ganhar dinheiro com as compras de "tools"? Façam lá as contas ao lucro bruto que os promotores deste autêntico negócio paralelo vão ganhar com a venda destes produtos.

DICAS GERAIS PARA MAXIMIZAR OS RESULTADOS DE RECRUTAMENTO…

Enfim, o reconhecimento de que é do recrutamento que a rede vive...

O Decreto-lei 57/2008 diz o seguinte:

"Práticas consideradas desleais em qualquer circunstância:
r) Criar, explorar ou promover um sistema de promoção em pirâmide em que o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema."

Parece-me a mim que este manual é um autêntico guia para recrutar prospectos. Embora não o diga esplicitamente, é por demais obvio que não há ensinamentos relacionados com a "ciência" dos produtos, que o assunto saúde nem sequer é debatido, e que os novos membros, se às escuras estavam quanto aos benefícios reais dos pacotes de gel antes de aderirem à rede, às escuras continuarão depois desta leitura. É ÓBVIO QUE A INTENÇÃO É RECRUTAR, E QUE É MUITO MAIS VANTAJOSO, DO PONTO DE VISTA MONETÁRIO, CONVENCER PESSOAS A ENTRAR PARA A REDE E A TORNAREM-SE, ELAS PRÓPRIAS, CONSUMIDORAS E PROMOTORAS DO ESQUEMA.

É do conhecimento geral que o que interessa na Agel não é vender nada a ninguém (e podia apresentar aqui milhentas citações para o ilustrar...). O que interessa é aliciar pessoas para nos servirem de downline, por forma a podermos ganhar contrapartidas com as compras que fazem à Agel. Se a rede terminasse o seu crescimento no preciso momento em que nos inscrevêssemos, podiamos dizer adeus ao dinheiro investido. Não havia maneira de o recuperar (nem sequer nos leilões online).

A Agel está a violar directamente esta lei, embora não o possamos medir na prática. O Sr. Bruno Grilo publicou, há uns dias atrás, um pequeníssimo artigo no seu blog a propósito deste assunto. Um artigo desproporcionado, que peca pela vaguez na abordagem geral, e pela objectividade na falácia particular. Terei oportunidade, futuramente, de comentar as suas palavras.

“Deixe-me mostrar-lhe como isto funciona. Vou apresentá-lo rapidamente ao meu parceiro de negócios que é muito bem sucedido e que pode partilhar a sua perspectiva sobre o negócio.”

Tem perguntas fantásticas. Deixe-me ligar ao meu parceiro de negócios que é especialista nesta área e teremos a informação de que necessitamos.”

“Já sabe que o meu patrocinador é uma das pessoas mais bem sucedidas deste negócio. Ele/ela tem muitos conhecimentos que o podem ajudar. Deixeme ligar-lhe para conversar connosco."

Curioso. Ninguém da Agel, até agora, apelidou as minha perguntas de fantásticas. E ninguém me apresentou ao "parceiro de negócio" que é um autêntico especialista na área. Pelo contrário, só me chamaram de "ignorante", "frustrado" e de "fracassado" (devolveram-me um sorriso irónico, na verdade) . Logo de ínicio. Desde o primeiro momento em que comecei a questionar o modelo. O que é que elas (perguntas) terão para originar este tipo de reacções?



Um manual para recém membros???? Não... este plano deveria de ser lido ANTES de alguém aderir a este simulacro de negócio. Dá para terem uma ideia do futuro à vossa frente. Daquilo que a Agel espera que vocês comprem e daquilo em que espera que vocês se tornem...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Novidades em Portugal

1 - No passado dia 26 de Março foi transposto para a legislação portuguesa o mais recente diploma europeu que enquadra as práticas comerciais consideradas desleais, entre elas os "Esquemas em Pirâmide".

Podem consultar o Decreto-Lei 57/2008 de 26 de Março: aqui

Podem consultar a directiva comunitária, e o seu texto original: aqui

E podem consultar a página de informações gerais sobre a norma: aqui

Eu já me havia referido a este conjunto de artigos ao abordar as respostas da DECO e da ASAE sobre a Agel. Curiosamente, a tradução do texto para português, na alínea que consagra as Vendas em Pirâmide, deixou metade de uma frase para trás (não foi traduzida de todo).

O texto original diz o seguinte:

"14. Establishing, operating or promoting a pyramid promotional scheme where a consumer gives consideration for the opportunity to receive compensation that is derived primarily from the introduction of other consumers into the scheme rather than from the sale or consumption of products."

A tradução para português diz o seguinte:

"r) Criar, explorar ou promover um sistema de promoção em pirâmide em que o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema."

Para onde foi a parte do: "em alternativa à venda ou consumo de produtos."??? Não é que faça grande diferença, mas fica a dúvida.

Polémicas à parte, passam a existir em Portugal duas leis que referenciam os "Esquemas em Pirâmide" de forma diferente, uma situação, no mínimo, interessante de analisar.

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2 -

O Instituto do Consumidor ( http://www.consumidor.pt/ ) publicou ontem um livro para consulta gratuita com o título "O Livro Negro dos Esquemas e Fraudes na Net", que contém, entre outras explicações de processos fraudulentos, os "Esquemas em Pirâmide". É uma leitura interessante, embora feita de modo a abarcar o caso geral.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Outra carta de outro leitor

Caro Pedro,

Antes de mais qualquer comentário quero-lhe dar um MUITO OBRIGADO. Graças a SI e á minha esposa que encontrei estes importantíssimos comentários e não entrei na referida empresa. Acredito em tudo o que disse e pelos vistos o próprio MOLOCH também ja começa a acreditar.

Eu tb tive quase a entrar como lhe disse, estive até em casa de um dos "maioraís" em Portugal, realmente o que ouvimos dá para comprar...no entanto fazem-se contas á vida e depois as coisas não são bem assim tão lineares. Outra questão é que tudo é muito fácil, tudo legal, não devemos ficar preocupados, ou seja, tudo 5 estrelas...aquilo só visto. Conclusão: Aquilo é enriquecer e pronto.

Uma coisa é certa , há sempre alguns (poucos) que irão enriquecer á conta de alguns parolos, eu de facto ainda pensei que fosse um negócio sério e credível, até porque pouco conhecia dele...agora entendo tudo o que escreve e inspecciona. E todos devemos (ou deviamos) de estar agradecidos.

Para terminar, há uns dias (graças a Deus que ouvi a conversa, foi desde aí que fiquei desconfiado) atrás estava num café perto de minha casa, estava a beber um café e entra alguém, por acaso uma professora na casa dos 40 anos e começou a falar com alguém que também conheço (por acaso é um individuo que não passa credibilidade para ninguém, além de só ter dividas e estar em processo de divórcio), a conversa foi uma autêntica vergonha que só mesmo visto...irei passar a conversa só para que o sr possa ter uma ideia.

Por questões que imagina vou chamar a suposto professora de Paula e o rapaz de João...eis como foi:

Paula - Olá João tás bom?! Ainda bem que te vejo, lembraste aquilo que te falei ? Aquilo da AGEL?

João - Sim Sim, perfeitamente, então como te tás a safar?

Paula - Aquilo é um espectáculo, olha só tens de entrar e levares uma pessoa contigo, começas logo a ganhar a dinheiro, aquilo é 5 estrelas, nem imaginas...

João - Se é assim como dizes, vou ver e falar com algumas pessoas mas também quero entrar ja, quanto mais cedo melhor e até porque preciso de dinheiro porque tou -me a divorciar e tenho algumas dívidas.

Paula - Pois é, temos atão de orientar isso, isto é mesmo sensacional....

Depois não consegui ouvir mais nada...que desilusão como deve imaginar.

Ao longo da minha vida tenho ganho dinheiro (dinheiro honesto) e nunca precisei de enganar ninguém, depois vi aquela conversa...e como deve ter ficado na sua ideia...aquilo parecia sei lá o quê, uma vergonha, de credível nada tinha e pensei, isto não é vida para mim.

Ao longo da minha vida sempre tive uma conduta honesta e não seria agora que iria alterar até porque tenho uma família bastante conhecida na zona onde moro e além do mais eu próprio também sou bastante conhecido.

Mais uma vez MUITO OBRIGADO por tudo e pelo seu excelente trabalho em tentar abrir os olhos a quem se quer fazer passar por cego por 2 razões:

1º - Porque já entrou e se sente enganado e não quer dar braço a torcer por se sentir enganado.

2º - Porque está para entrar no negócio e como está cego, vai contra tudo e todos só porque esteve numa reunião e acredita em tudo o que lhe dizem.

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Agradeço a sua mensagem. Que o seu testemunho pessoal sirva de exemplo a muita gente.

Quanto ao Sr. Moloch, acho que devemos aguardar que a ASAE lhe dê algum feedback, embora quanto à DECO já devêssemos por esta altura ter uma resposta. Uma coisa é certa: já passou mais de um mês desde que publiquei as opiniões deles e ainda não houve qualquer mensagem contrária às alegações feitas. (na verdade, suspeito que algumas pessoas já tenham inclusivamente obtido respostas da DECO e não tenham querido divulgá-las abertamente).


terça-feira, 8 de abril de 2008

A corrupta D.S.A. - Direct Selling Association

D.S.A.

A Santa Padroeira das Pirâmides Americanas

Eis alguns factos a considerar sobre esta "Associação" de Vendas Directas que a Agel tanto gosta de exibir nas suas apresentações, e que provam que é uma mera (mas poderosa) fachada de interesses, um lobby organizado para ilibar algumas companhias de serem consideradas ilegais e de serem fechadas pelo estado:

- A D.S.A. tem por associadas menos de 10% de todas as empresas ditas de Vendas Directas existentes nos Estados Unidos. Apesar disso, a D.S.A. é a entidade independente representativa deste sector com mais peso junto da F.T.C. e das entidades governativas. Como explicar isto?

- Mesmo tendo como associadas menos de 500 empresas de Vendas Directas, a D.S.A. é controlada por um núcleo duro de cerca de doze grandes companhias de Marketing Multinível, que contribuem com grande parte do total de financiamentos para a Associação e que ocupam, através de representantes seus, a quase totalidade dos lugares de chefia e de tomada de decisão.

- São na realidade estas empresas que controlam a D.S.A. (algumas delas, segundo consta, contribuem regularmente com fundos para partidos políticos no poder). Tudo o que fazem através desta associação serve apenas os seus próprios interesses. O maior desses interesses é legitimar, aos olhos do estado e da opinião pública, um negócio que lesa milhões de pessoas todos os anos em todo o mundo. A D.S.A. chama-lhe Marketing Multinível e disfarça-o mentirosamente de um canal legítimo de Vendas Directas. Quem já perdeu dinheiro nessas redes chama-lhes de "Esquemas em Pirâmide".

- A D.S.A. conseguiu recentemente (2006) fazer passar uma lei no estado do Utah (que é o que tem maior concentração de companhias de MLM nos E.U.A.) que iliba todas as pirâmides que usem produtos de serem consideradas ilegais. Tudo o que bastou para conseguir esta façanha foi mudar umas palavritas ao decreto-lei já existente. Basicamente, a D.S.A. redefiniu o que é ou não considerado uma pirâmide... e quem controla a D.S.A. já se sabe quem é.

(Until July 1, 2006, Pyramid Scheme Act (Title 76) specified that in a pyramid scheme, “a person gives consideration to another person in exchange for compensation or the right to receive compensation which is derived primarily from the introduction of other persons into the sales device or plan rather than from the sale of goods, services, or other property.”
This suggests that if compensation is derived from sales that are primarily to downline participants recruited into the scheme and not from legitimate retail sales by the participants to end users (actual customers), it is an illegal pyramid scheme. SB 182 turns that language around by specifying: “‘Compensation’ does not include payment based on the sale of goods or services to anyone purchasing the goods or services for actual personal use or consumption. This means that the newly recruited participants can be induced or incentivized to buy the goods without ever having to resell them to legitimate customers outside the network of participants.
Under this wording, the workings of a product-based pyramid are magically legalized.)

- O Porcurador Geral do Estado do Utah, o Sr. Mark Shurtleff, tem vindo a receber "generosas" contribuições monetárias de várias grandes empresas de MLM, entre elas a USANA, a Nu Skin, a Agel e a Pre-Paid Legal. Também a D.S.A. já contribuiu directamente com fundos para a fortuna pessoal deste senhor, que de vez em quando aparece em palco nos eventos da USANA para firmar claramente que a empresa é legal, e que o trabalho dele é ir atrás dos "verdadeiros maus da fita". Este Sr. desempenhou um papel fundamental para que a lei acima enunciada passasse no estado do Utah, ilibando directamente qualquer companhia de MLM com produtos de ser considerada uma pirâmide. ( ver aqui, aqui e aqui ). Com políticos destes colocados em altos cargos estatais, não espanta que muitos negócios de MLM prosperem décadas a fio.

- A D.S.A. indica nos seus regulamentos que qualquer "esquema em pirâmide" é ilegal e que qualquer companhia a operar nessa base será automaticamente rejeitada como associada. Em 1999, a empresa Equinox, uma prestigiada companhia de "Vendas Directas" a operar em sistema de MLM, foi acusada e condenada por ser um "Esquema em Pirâmide" em oito estados diferentes (nenhum deles o de Utah). A Equinox pertencia à D.S.A. Mais: a D.S.A. testemunhou em tribunal a favor da Equinox. Milhares de pessoas perderam dinheiro com a trapaça. À luz dos critérios da nova lei no Utah sugerida pela D.S.A. e legalizada pelo governo, se o caso decorresse hoje, a Equinox não poderia ter sido condenada. Milhares de membros distribuidores foram lesados por esta empresa.

- Outra Pirâmide disfarçada de MLM legítimo, também pertencente à D.S.A, foi a Trek Alliance - formada por ex-membros da Equinox. À semelhança do que aconteceu à Equinox, a Trek Alliance foi fechada em finais de 2002, de acordo com a decisão de entidades judiciais, e após ter sido acusada de ilegalidades relacionadas com "esquemas em pirâmide" pela F.T.C.

- A D.S.A. diz pautar a sua actividade através um estrito código de conduta e diz impor aos seus associados o seguimento desse mesmo código. No entanto, como podemos ver pelo caso Agel, esse código pode ser quebrado impunemente sempre que "dê jeito" a algum "amigo ou conhecido". A Agel apresenta nos seus estatutos uma violação clara à alínea 7 do código de conduta da D.S.A., ao desrespeitar o prazo indicado para a possibilidade de devolução de produtos por parte dos membros da rede. O prazo imposto pela D.S.A. é de 12 meses. A Agel não vai além de 1 mês.

- A D.S.A. impõe uma política de ameaças e silêncio a todos os membros que de uma ou outra forma entrem em desacordo com as suas opiniões, mesmo quando essas opiniões sejam prejudiciais à maior parte das empresas associadas. Em alguns casos, basta publicar uma opinião contrária à defendida pela associação para se ser expulso. O site da Network Marketing Business Journal ( http://www.nmbj.com/ ), um destacado orgão de comunicação social no sector do MLM, era membro da D.S.A., até ter publicado alguns artigos que criticavam algumas decisões da Associação. Leia o que aconteceu aqui . Muitos assuntos haveria ainda a denunciar, refere o editor da publicação...

- Em meados de 2007, o Fraud Discovery Institute, uma organização independente de combate ao crime empresarial, divulgou um relatório detalhado sobre as actividades fraudulentas da USANA na China. Como resultado desse estudo, e à falta de refutação credível que negasse as evidências, as cotações da USANA têm vindo a perder valor na bolsa de Nova-Yorque. A USANA é uma das grandes MLM's membros da D.S.A. (onde terá ido parar o código de ética e conduta que jurou respeitar?).

- A Herbalife foi igualmente acusada pelo F.D.I. de tentar contornar as leis na China de modo a conseguir ramificar a sua rede de "distribuidores", uma acção que a empresa considera vital para atingir as suas metas económicas. Aguarda-se o lançamento de um vídeo divulgador das trafulhices da Herbalife em território chinês (e nas imediações). A Herbalife também é membro da D.S.A..

- Em nenhuma destas situações a D.S.A. abriu qualquer inquérito ou investigação por conta própria para tentar perceber a veracidade das acusações do F.D.I.. A USANA e a Herbalife continuam a ser respeitados membros da associação.

- Pelo menos duas empresas sócias da D.S.A. foram já identificadas como sendo "Esquemas em Pirâmide" por entidades reconhecidas e credenciadas cá em Portugal. A Agel foi uma delas, a ACN foi outra. A ASAE, a DECO e o Instituto do Consumidor apresentaram opiniões explícitas acerca da legalidade destas empresas cá em Portugal.


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"Literatura" recomendada sobre a lei no Estado do Utah:

Análise à lei do Utah SB 182
- Robert L. Fitzpatrick - Pyramid Scheme Alert

Esquemas em Pirâmide legalizados no Utah - Jon Taylor - Consumer Awareness Institute

domingo, 6 de abril de 2008

Dois tiros, dois melros

Em Portugal, e no espaço de apenas um mês, duas empresas filiadas na norte-americana D.S.A. são acusadas por organismos públicos de promoverem "esquemas de Vendas em Pirâmide". A Agel pela ASAE (e pela DECO) e a ACN pelo Instituto do Consumidor, na voz do seu presidente. Uma coincidência deveras interessante.


No Expresso do passado dia 29 de Março de 2008 veio publicado o seguinte artigo:


Ex-vendedores denunciam ACN

Instituto do Consumidor diz que as técnicas de «marketing» da multinacional de telecomunicações são vendas em pirâmide.

Dezenas de pessoas denunciam os métodos de venda directa da empresa de telecomunicações ACN, queixando-se de “lavagem cerebral”. O Grupo ACN, há quatro anos em Portugal, vende serviços de rede fixa (pré-selecção de chamadas e a assinatura de linha). Para angariar novos agentes, faz uma reunião semanal, num hotel em Lisboa e no Porto. Segundo diversos testemunhos, para se entrar na “filosofia ACN”, tem de se dar cerca de 400 euros. “Em troca, dão-nos um «kit» com brochuras e manuais e a promessa que se angariarmos dois novos clientes, conseguimos repor o dinheiro investido”, conta ‘Miguel’.

Outro ex-vendedor lembra-se de se deixar contagiar pela euforia da sala e entregar-lhes o dinheiro. “Como não o tinha à mão, acompanharam-me até ao multibanco e depois até casa, para ir buscar a factura do telefone e inscrever-me na ACN. Deram-me um recibo que era um papel sem valor”. Nenhum atingiu os objectivos mínimos: novos clientes ou serviços telefónicos. E sentem-se lesados.

‘Joaquim’ esteve quase a aderir à ACN, mas achou “estranho” que a empresa aconselhasse apenas a venda dos serviços a amigos e familiares. “Perguntei porque não podíamos vendê-los a empresas: o lucro seria maior. Responderam-me aos berros”.

Mário Frota, do Instituto do Consumidor defende: “Este é um caso ilegal de venda em pirâmide. A curto prazo, metade da cadeia ganha dinheiro em detrimento da outra metade.” E acrescenta: “A ACN está a tornear a lei, inscrevendo os membros da cadeia como empresários em nome individual.”

O Grupo nega as acusações. “A ACN não dá qualquer tipo de compensação pelo facto de um representante inscrever outro representante. As comissões são calculadas todos os meses com base na facturação dos clientes durante todo o tempo que os clientes usarem os nossos serviços. Os bónus de aquisição de clientes baseiam-se no esforço de cada representante em treinar e ajudar os seus novos representantes a angariar clientes. Os representantes são empresários por conta própria e não funcionários da ACN.”


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No site do mesmo semanário, está publicado o seguinte complemento à notícia:


Empresa de telecomunicações criticada por ex-colaboradores


"Cumprimos a lei"

O Grupo ACN é criticado por diversos ex-vendedores, de fazer "lavagens ao cérebro" nas reuniões de angariação de vendedores. A multinacional de telecomunicações americana responde a algumas perguntas do Expresso, explicando que estes "vendedores são empresários por conta própria e não funcionários da empresa".

Há quanto tempo está o Grupo ACN em Portugal; número de vendedores e de clientes; e qual o objectivo empresarial do Grupo em Portugal?

A ACN foi fundada em 1993 e tornou-se na maior empresa de venda directa de serviços de telecomunicações com operações em 19 países na Europa, América do Norte e Asia-Pacifíco. A ACN iníciou o negócio em Portugal em 2004. Portugal é um dos 15 países europeus na Europa onde oferecemos aos consumidores particulares e às pequenas empresas uma alternativa que cobre as suas necessidades de comunicações fixas a nível local, nacional e internacional.

A nossa gama de serviços competitivos em Portugal inclui presentemente a pré-selecção de chamadas e a assinatura de linha. De momento a nossa base de clientes aproxima-se dos 30.000.

Durante o ano de 2008 a nossa gama vai ser expandida aos serviços móveis assim como ao nosso serviço topo de gama - o serviço de telefone digital com videotelefone. Este serviço - já em operação na América do Norte - baseia-se no protocolo VOIP e vai oferecer aos consumidores uma enorme poupança nas suas contas de telefone além das novas capacidades da tecnologia digital tal como a transmissão de video em alta qualidade em tempo real.

Quais são os objectivos mínimos para cada vendedor? Ou seja, como é que uma pessoa que entra para o negócio consegue superar o dinheiro inicial investido. Qual o número mínimo de clientes / agentes que se tem de angariar?

Os representantes da ACN são compensados pelo seu trabalho na aquisição de clientes com uma comissão residual mensal e com bónus de aquisição de clientes. A ACN não dá qualquer tipo de compensação pelo facto de um representante inscrever outro representante.

As comissões são calculadas todos os meses com base na facturação dos clientes durante todo o tempo que os clientes usarem os nossos serviços.

Os bónus de aquisição de clientes baseiam-se no esforço de cada representante em treinar e ajudar os seus novos representantes a angariar clientes.

Existe igualmente um bónus de €400 para os novos representantes que angariarem um mínimo de serviços nos seus primeiros 35 dias de actividade. Por exemplo, um representante que adquira 14 clientes com um pacote de pré-selecção e assinatura cada ganha este bónus.

Temos a queixa de diversos vendedores (ou colaboradores) que dizem ter entrado com dinheiro e que tendo alcançado os objectivos iniciais propostos por vocês dizem nunca ter recebido o dinheiro que lhes foi prometido. Qual o vosso comentário?

Podemos garantir que a ACN cumpre com as suas obrigações e compromissos perante os seus representantes e processa todos os bónus e comissões por inteiro e dentro dos prazos. Não temos conhecimento de nenhumas queixas referentes a pagamentos não efectuados. Caso saiba de algum caso concreto por favor envie-nos os detalhes e iniciaremos imediatamente uma investigação interna.

As mesmas pessoas queixam-se que os objectivos propostos pelo ACN estão sempre a ser alterados, em favor da empresa. Queixam-se também que o contrato que assinam com o ACN não os vincula à empresa, para que o ACN não ser responsabilizada caso não consigam atingir os objectivos iniciais. Podem comentar?

Os rendimentos dos representantes independentes da ACN baseiam-se na aquisição de clientes. Os representantes são empresários por conta própria e não são funcionários da ACN, sendo compensados pela ACN pelos seus esforços em adquirir clientes que utilizem os serviços. Em todas os documentos e material de formação e de marketing para os potenciais e novos representantes é mencionado explicitamente que o sucesso com a ACN não é garantido, mas sim resultado directo dos esforços de cada um.

De tempos em tempo a ACN ajusta o seu plano de remuneração e os bónus promocionais e temos grande orgulho em afirmar que o fazemos sempre em benefício dos nossos representantes e dos seus negócios. A ACN tem investido cada vez mais dinheiro no plano de compensação o que representa uma mais-valia para os nossos distribuidores.

O presidente do Instituto do Consumidor, Mário Frota afirma que o ACN está a infringir o decreto-lei 143-2001 de 26 de Abril. Afirma que o Grupo ACN está a tentar tornear a lei, fazendo inscrever os membros da cadeia como empresários em nome individual o que faz deles não consumidores mas agentes. Afirma que a médio prazo, a cadeia de venda tende a esgotar o universo a que o produto se dirige. Ou seja, metade da cadeia ganha em detrimento da outra metade. Qual a vossa posição?

A actividade nuclear do grupo ACN é prestar serviços de telecomunicação aos seus clientes utilizando a marca ACN através do conceito de venda directa. A ACN contrata com agentes independentes que promovem os serviços e angariam os clientes que por sua vez contratam directamente com a ACN para a prestação desses mesmos serviços.

A forma de operar da ACN distingue claramente entre ser representante independente da ACN (cujo objectivo é angariar clientes para os serviços) e o cliente propriamente. Os nossos representantes podem mas não têm qualquer obrigação de se tornarem nossos clientes e evidentemente os clientes não têm qualquer obrigação de se tornarem representantes. Em média em Portugal, os nossos representantes adquirem 15 clientes cada um.

A ACN é uma empresa que leva muito a sério o cumprimento das leis e regulamentos. Em cada país em que operamos cumprimos com as leis e regulamentos locais em toda a extensão do nosso negócio, seja telecomunicações, venda directa, protecção do consumidor, fiscalidade ou outras.

Quanto à saturação do mercado, a situação é idêntica para todas as empresas de telecomunicações, sendo que os nossos representantes têm a vantagem acrescida de poderem angariar clientes em qualquer um dos 19 países em que a ACN está presente.

Versão integral do texto publicado na edição do Expresso de 29 de Março de 2008, 1º Caderno, página 17.

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A quem interessar, deixo ainda um link para uma queixa feita contra a ACN.