sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ficções

ficcionalização - isto não aconteceu (mas poderia ter acontecido)

Exmos. Senhores,

Aderi há cerca de um mês ao vosso negócio através da opção “plano executivo”, e já recebi em casa as vossas 16 caixas de produto.
O que se passa é o seguinte:
Durante estas quatro semanas, e na prossecução da tentativa de angariar mais clientes para a rede, entrei em contacto com todas as pessoas que conheço, familiares, amigos, colegas de trabalho e até alguns vizinhos. Mas todo o meu trabalho foi em vão. Alguns disseram-me para ir pentear macacos, outros para ir ver se chovia lá fora, outros para ir dar uma volta ao bilhar grande, e houve até um vizinho que me disse para me ir atirar ao rio.
Como não consegui, para já, rentabilizar o negócio através deste processo, como não tenho estabelecimento comercial nem licença para ter loja aberta, e como até nem gosto muito do sabor dos sumos, a minha pergunta é: O QUE É QUE EU FAÇO COM ISTO TUDO?

Melhores Cumprimentos,

Adélio Mendes, Lisboa, Portugal


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Exmo. Senhor,

Agradecemos desde já a sua preferência pelas nossas marcas, e fazemos votos para uma longa e próspera associação.
Em resposta à sua pergunta, uma vez que o prazo para processamento de devoluções, lamentavelmente, já terminou, e aqui para nós que ninguém nos ouve, o senhor pode fazer uma de várias coisas:
1 – Tentar vender o produto na Feira da Ladra ou na Feira do Relógio. É sabido que, nesses locais de venda tradicional, as autoridades fazem vista grossa à ausência de facturas e recibos. De igual forma, as únicas preocupações das autoridades que por lá se encontram, todas à paisana, também é sabido, são: o tráfico de droga e as contrafacções de CD's e DVD's e de artigos de vestuário da Levis e da Nike. Ninguém vai reparar sequer em si ou nos seus sumos ridículos. Acredite. É que nesses locais ninguém sabe que eles existem.
2 - À semelhança da nossa primeira sugestão, pode tentar um circuito de venda alternativo: o das tascas e bares de bairro. Faça como aqueles africanos que andam de mochila às costas a vender girafas feitas de pau-brasil e imitações de óculos Ray-ban, à hora de almoço, de mesa em mesa. Olhe que é aquilo dá algum.
3 - Pensando na proximidade do Natal, pode embrulhar e enviar para todos aqueles amigos, familiares, e colegas de trabalho que não ligaram nenhuma à sua proposta de trabalho e ainda o insultaram. Quanto ao vizinho espertalhão que o mandou ir dar uma braçadas ao Tejo, e num acção de boa vontade e pacificação de atitude, pode deixar-lhe à porta duas caixas inteiras de gel de emagrecimento (é o único produto Agel que exige a toma de 2 saquetas por dia).
4 - Se nenhuma das anteriores sugestões for exequível, pode sempre largar tudo num daqueles contentores de lixo de meia tonelada. As autoridades sanitárias agradecem.

Com os melhores cumprimentos,

Agel

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