segunda-feira, 31 de março de 2008

A resposta que nunca existiu

Teria sido pior a emenda que o soneto...


Desde que foi publicada a reportagem do Expresso sobre a Agel, dia 3 de Novembro de 2007 (ver aqui ), um texto que gerou o seu quê de polémica e atirou o negócio para uma espécie de limbo subjectivo-fraudulento, houve alguns blogs de membros da empresa a divulgarem uma suposta mensagem de resposta ao semanário.

Na altura, não me ocorreu dedicar um artigo exclusivo a comentar a resposta em questão, mas a oportunidade surge agora tão pertinente como então.

Ver os meus comentários a azul:

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Como Prometido Aqui fica a resposta da Agel a todos os que trabalham este negócio.

6 de Novembro 2007

Aos Team Members de Portugal:

Muitos de vocês certamente leram o artigo sobre a Agel publicado no jornal Expresso de dia 3 de Novembro. Antes da publicação do artigo alguns membros do departamento empresarial bem como a equipe de comunicação colaboraram com os jornalistas do Expresso, respondendo a várias questçes sobre o negócio da Agel e a indústria do Marketing de Rede. Tomamos conhecimento que muitas das nossas respostas não foram usadas na publicação e outras declarações foram mal interpretadas, o que faz do artigo um retrato incorrecto da Agel e das suas praticas empresariais.

Até aqui, tudo bem. Nada a apontar. É um parágrafo justo no que concerne ao direito de resposta.

Tal como foi dito em resposta a uma pergunta do jornalista do jornal Expresso, a Agel é uma empresa de Marketing de rede legal e não um esquema de pirâmide.

Não é por ter sido dito ao jornalista do Expresso que esse facto fica comprovado. Por essa ordem de ideias, se um capo da Mafia disser a um jornalista que o seu negócio de tráfico de influências é legal - são apenas uns conselhos que ele passa aos magistrados, para os ajudar a tomarem melhor algumas decisões judiciais -, então não tem nada a temer das forças da lei.
E os jornalistas são o quê? Alguns paus mandados? Que seria da imprensa sem liberdade de investigação? A reportagem em questão cruzou a informação divulgada pela Agel com uma vertente independente de trabalho de investigação, em que foram consultados alguns especialistas na matéria (informações prestadas pela redacção do Expresso).

Ter e operar um esquema de pirâmide é ilegal. Um esquema de pirâmide não vende produtos ou produtos de valor real mas sim funciona como um mecanismo para conseguir com que as pessoas paguem para se juntarem a uma organização sem que recebam qualquer produto em troca.

Este trecho é uma completa falsidade - uma mentira -, como já tive oportunidade de demonstrar noutros artigos deste blog. Os esquemas em pirâmide podem utilizar produtos para "promover o negócio". A lei portuguesa assim o afirma. Estudos sobre o assunto feitos por especialistas (entre eles a FTC e a própria Comissão Europeia) apontam para uma semelhança quase perfeita entre as pirâmides modernas e os negócios de MLM legítimos. A diferença essencial está em quantos ficam a perder dinheiro e quantos ficam a ganhar - basicamente na legitimidade da vertente Vendas Directas.

A Agel é uma empresa de Marketing de Rede também denominada como uma empresa de venda directa que é um canal legal e legítimo de venda e distribuição de produtos.

Marketing de Rede (a.k.a. Marketing Multinível) e Vendas Directas são conceitos bem diferentes, embora possam estar intimamente relacionados. A pessoa que proferiu o trecho acima não sabe de que é que está a falar ou então quer enganar quem lê o texto. Dizer que a Agel é uma empresa de Vendas Directas é o mesmo que dizer que o Papa é ateu. Dizer que a Agel é uma empresa de Marketing de Rede é verdade até certa ponto. Infelizmente, a Agel, ao não fazer Vendas Directas de espécie alguma, utiliza um conceito deturpado de MLM, um conceito que tem mais de pirâmide do que de MLM.

A Agel é membro da Direct Selling Association ( Associação de Vendas Directas ), a principal entidade de comércio para empresas de Marketing de Rede.

A DSA não é a "principal entidade de comércio para empresas de Marketing de Rede". É a principal entidade nos E.U.A para empresas de Vendas Directas. Muitas empresas de MLM são suas associadas porque pretendem ver legitimado, a bem ou a mal, os seus negócios. A DSA não é uma entidade governamental. Não tem, por isso, voto em questões legais ou judiciais.

A comissão de direcção da associação aprovou em Setembro a candidatura da Agel depois da Agel ter cumprido o período de espera obrigatório de um ano para total integração na associação. Durante este período a DSA analisou os planos de negócio e de Marketing da Agel de forma a certificar-se que todos estão em conformidade com o código de ética da DSA.

Que por acaso até não estão. É um facto curioso, este. A DSA demora UM ANO para analisar se as práticas da Agel estão em conformidade com o tal código de conduta, ao fim do qual aceita a Agel como sócia contra as indicações desse mesmo código de conduta. Muito em concreto, a Agel desrespeita descaradamente o ponto sete (ver aqui ), ao não permitir a aceitação de devoluções de produtos para além do período de 1 mês. O período exigido pela DSA é de 1 ano, com a restituição de 90% do valor da compra.

O código de ética é um conjunto de códigos que se auto regulam e que todos os membros da DSA têm que cumprir. Os membros têm como condição de permanência, que promover este código de ética nas suas práticas empresariais. Este ano 11 empresas incluindo a Agel foram aceites como membros.

Todos os membros têm de cumprir, excepto alguns... com o é o caso da Agel. Porque será? Que entidade é esta tão séria que permite "pequenos favores" aos seus associados? Favores esse que prejudicam unicamente o consumidor final? Favores esses que, pasme-se, são violações abertas ao código de conduta da mesma entidade. Que têm os membros da Agel a dizer aceca disto?

A DSA afirma no seu código de ética que « os esquemas de pirâmide são ilegais e empresas que operem pirâmides não poderão ser membros da DSA.» Podem encontrar mais informação no site da DSA www.dsa.org/ethics .

Na interpretação da DSA, qualquer empresa MLM que movimente produtos fica automaticamente ilibada de ser uma pirâmide. A DSA é, na prática, um lobby organizado. Uma entidade que tem por único objectivo proteger os seus sócios (algo que é bom ) a qualquer custo (algo que é mau). A DSA promove o pagamento de fundos monetários a partidos políticos como forma de garantir os seus intentos. É uma entidade que, face ao exposto, não pode ser levada a sério. A Equinox, uma "prestigiada" empresa de MLM pertencente à DSA, foi fechada pela Federal Trade Commission por operar um Esquema em Pirâmide. Vendiam produtos de saúde através de uma rede de auto-consumo. Diziam que eram uma empresa de Vendas Directas.

Mais ainda, a Agel foi recentemente referida como a Empresa Emergente em Foco na edição de Novembro da Direct Selling News; a principal publicação ao serviço de executivos de vendas directas e marketing de rede. O artigo salienta a legitimidade do plano de negócio da Agel bem como os seus produtos e crescimento.
O artigo poderá ser encontrado em http://www.directsellingnews.com/article_app.php?articleid=213.

Quando as revistas do meio servirem como prova da legitimidade de um negócio, então está tudo lixado. Haverá sempre opiniões pró e contra. Nesses casos, em que é que ficamos? Quando uma revista publicar um artigo a dizer que é legítimo e outra revista a dizer que não é, em quem acreditar?

O nosso departamento jurídico está a redigir uma resposta ao jornal Expresso, exigindo uma notícia que reponha os factos correctos em relação á Agel e que sejam retiradas várias declaraçes feitas no artigo em causa.

Que declarações são essas? Serão as declarações de especialistas na matéria que comparam o esquema às tramoias do Sr. Ponzi?
E a que "factos correctos em relação á Agel" é que se referem? Serão os tais a dizer que a Agel não é uma pirâmide?
É curioso que quando chegamos ao ponto de DIZER CLARAMENTE O QUE É QUE ESTÁ MAL NO ARTIGO DO EXPRESSO, esta resposta fique silenciosa e omissa!
A maior parte deste texto não fala daquilo que diz o Expresso, propagandeia antes o negócio da Agel - com base em informações falseadas, diga-se.


Demos conhecimento dos produtos á respectiva entidade governamental e asseguramos que as nossas etiquetas e ingredientes cumprem as normas Portuguesas. Assim sendo os produtos são legais tanto para consumo como para venda livre em Portugal.

Na altura em que o artigo foi publicado a Agel ainda não tinha os rótulos dos produtos em português. Mais: a Agel operavam em Portugal desde há vários meses sem ter as traduções feitas. Por outras palavras, os produtos não podiam ser vendidos através de um sistema de vendas a retalho. Que tipo de empresa de Vendas Directas entra num mercado e não dá sequer hipótese aos seus membros para desenvolverem o principal negócio em questão? (sugestão de reposta: a Agel não quer saber das Vendas Directas para nada. É só uma fachada para legitimar uma grande mentira. Ninguém vende nada a ninguém dentro da Agel. Apenas há pessoas a comprarem produtos à Agel, conforme os membros da própria rede admitem, de resto.).

Os nossos produtos foram notificados á ASAE ( Autoridade de Segurança Alimentar e Económica ). São uma entidade governamental que até muito recentemente, tem sido responsável pela recepção das notificaçes referentes aos suplementos alimentares de acordo com o decreto de lei 136/2003.

A ASAE viria, mais tarde, e em respota a uma mensagem minha, a chumbar a legalidade do negócio da AGEL. Em conjunto com a DECO, a ASAE classificou os procedimentos de negócio da AGEL como sendo piramidais, ilegais - violações ao artigo 27º do Decreto-lei 143/2001.

( Os artigos onde já falei da opiniões da ASAE e da DECO são os seguintes:

1 - perguntas
2 - respostas DECO
3 - respostas ASAE
4 - os meus comentários )


A Agel opera legalmente e eticamente em mais de 40 países a nível global.

Legalmente, aceito que sim. Estarão sempre legais até serem declarados criminosos. É assim que a coisa se processa. Quanto ao "eticamente", cof.. cof..

È a nossa mais absoluta convicção que a Agel é uma excelente oportunidade para milhares de pessoas no mundo inteiro construírem o seu próprio negócio, criarem um rendimento residual e melhorarem as suas vidas.

É a minha mais absoluta convicção de que muitas mais pessoas vão ficar a perder dinheiro com o esquema. A matemática não mente. Em cada 100 pessoas, pelo menos 90 vão perder dinheiro. Mais que isso, estas 90 vão contribuir para os lucros das outras 10. Chama-se a isso proxenetismo.

A Agel está no bom e rápido caminho para se tornar uma das empresas com mais sucesso na indústria. Encorajamo-vos para que se mantenham fortes e focados nos vossos objectivos. Admiramos cada um de vocês e desejamo-vos sucesso contínuo no vosso negócio Agel.

Propaganda motivacional. Perfeitamente natural depois de um artigo daquele calibre ter sido publicado no principal semanário português. Há que levantar o moral às tropas, nem que seja com um texto fortemente marcado pela intrujice.

Atentamente,
A vosso equipe de gestão Agel"


É pena que a prometida resposta do gabinete jurídico da Agel não tenha chegado à redação do Expresso, conforme tive oportunidade de confirmar junto da mesma. O que terá acontecido? Será que chegaram à conclusão de que seria mais gravoso sujeitarem-se à contra-resposta? Ou à própria avaliação da opinião pública, uma vez que tal acção iria desencadear ondas indesejadas? Ou será que esse texto nunca esteve mesmo para ser escrito e tudo isto não passa de MAIS UMA mentira?

E quem será esta "equipe de gestão Agel"???

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