Na altura em que a mensagem seguinte foi colocada no blog, a DECO e a ASAE ainda não haviam respondido por escrito a uma série de questões sobre a legalidade do negócio da Agel. Entretanto, e à data de hoje, essas respostas existem e já foram publicadas neste blog:
1 - perguntas
2 - respostas DECO
3 - respostas ASAE
4 - os meus comentários
-----End EDIT-----
Esta é a regra base ditada pelo senso comum em qualquer situação que envolva um aliciamento e/ou uma troca de dinheiro.
Se foi contactado pela Agel, é muito provável que lhe tenham dito que "quanto mais cedo se inscrever, melhor", que "dessa forma ficará acima dos que vierem a seguir e recuperará o investimento mais depressa".
É também provável que a pessoa que o aliciou - um amigo, um familiar, um colega de trabalho, um representante da Agel - o esteja a contactar a torto e a direito para ver se "sempre quer entrar ou não".
A introdução do factor "pressa" numa venda é uma estratégia muito utilizada por comercias e vendedores. Os consumidores, de cabeça quente, tendem a decidir as coisas "na hora". Quem é que nunca foi àquelas apresentações de vendas de apartamentos de férias "uma semana por ano" - vulgo "time-sharing"? Nessas apresentações, ao fim de duas horas de conversa de vendedor, apresentavam-nos um preço exorbitante, mas faziam 50% de desconto se comprássemos naquele mesmo dia.
Não decida à pressa. Decidir à pressa é decidir com base na emoção. Decidir com tempo é decidir com base na razão. Pondere muito bem os prós e os contras. Nos Estados Unidos da America, está para ser aprovada uma lei que dita que ninguém pode forçar outrem a aderir um negócio sem ter pelo menos 7 dias de reflexão.
Não se inscreva - esse é o meu conselho - sobretudo considerando que se trata de um negócio que um dia pode fechar por estar ilegal.
2 - Leia bem o contrato que lhe passarem para as mãos.
É a segunda regra ditada pelo bom senso. Não assinem nada que não saibam o que é que diz.
O contrato da Agel, à data desta mensagem, não foi traduzido para português, apesar da empresa operar em Portugal há cerca de um ano.
A Agel, apesar de operar no mercado nacional, não tem representação em Portugal.
Se não entender inglês, peça para levar uma cópia consigo e peça a um amigo para lhe traduzir o que lá está.
Tente identificar omissões no contrato. Nomeadamente, esteja atento a omissões relativas ao esquema de ganhos de comissões e a todos os prémios propostos no "plano de compensações". Se não diz no contrato quais são as regras que lhe permitem ganhar dinheiro com o negócio, como é que sabe que vão ser respeitadas? É possível que essas regras não venham mencionadas por questões legais - se viessem, seriam facilmente identificadas como pertencentes a um "esquema em pirâmide", proibido por lei em Portugal.
Tente perceber como é que a Agel lida com as vendas de produtos para fora da rede. É possível que na reunião lhe tenham dito que uma das maneiras de rentabilizar o investimento é vender o produto. Perceba que, no contrato, a Agel estabelece que não pode haver vendas dos seus produtos em estabelecimento comerciais a retalho (vulgo: lojas). A existirem vendas, será para amigos e conhecidos.
3 - Questione a veracidade daquilo que lhe contaram quando lhe apresentaram o esquema de comissões
Tente perceber muito nem como é que pode ganhar o dinheiro que eles propõem. A maior parte das "8 maneiras de ganhar" dinheiro através da Agel, nunca será alcançável pela maioria das pessoas. Questione e entenda o esquema dos 10% da "perna mais curta". Se não percebeu bem, tire logo as suas dúvidas. Entenda que não vai ganhar dinheiro nenhum se não recrutar ninguém para entrar, mesmo que o seu upline o faça por si.
Não se fie nos valores apresentados. É normal atirarem-lhe à cara com milhares e milhares de euros por mês. Esqueça isso. Para mais de 90% dos inscritos isso nunca vai acontecer. É possível ganhar dinheiro com o esquema, de facto, pelo menos para algumas pessoas, mas nunca vai ser nas proporções e números apresentados por eles.
Desconfie de quem diz estar a ganhar isto e aquilo por mês. Não acredite em nada sem lhe mostrarem os extractos de conta de vários meses e os respectivos recibos verdes a declarar a entrada desse dinheiro.
Lembre-se que está a lidar com profissionais de vendas. Aquelas pessoas que estão a falar nas reuniões estão a ganhar dinheiro para o convencerem a entrar. E são bons no que fazem.
4 - Informe-se sobre os "esquemas em pirâmide".
Saiba como funcionam e porque é que são fraudulentos. Não acredite quando lhe disserem que a Agel não funciona em pirâmide. Estude por si e tire as suas conclusões. Atente em dois pontos fulcrais: a obrigatoriedade de pagamentos periódicos (seja por conta de compras de produtos seja para receber comissões, seja por que motivo for), e a existência efectiva de vendas de produtos para fora da rede de associados.
5- Não deixe o seu emprego.
Se estiver a trabalhar numa base regular, não deixe a sua fonte de rendimento em altura alguma.
Se estiver desempregado, cuidado com a abertura de actividade para os recibos verdes que terá de passar à Agel. Significa que deixa de poder receber o subsídio de desemprego.
6 - Perceba em que consiste "trabalhar" para a Agel
Ser colaborador da Agel significa contactar todas as pessoas que conhece e propor-lhes o mesmo aliciamento que lhe propuseram a si. Não se trata de vender um produto e não se trata da qualidade desse produto. Trata-se unicamente de arranjar/convencer pessoas para entrarem por baixo de si na pirâmide, por forma a receber comissões/prémios.
Entenda que não é um trabalho para todos (para mim não é um trabalho sequer). Há quem se dê muito bem a fazê-lo e tenha jeito para o negócio, e há quem abomine completamente e deteste melgar amigos e familiares.
Veja que tipo de pessoa você é.
7 - Não decida por simpatia
Não decida para agradar à pessoa que lhe está a propor o negócio. Essa pessoa pode até não saber em que é que está metido. Não ligue ao argumento "juntos vamos conseguir". O sucesso do negócio não depende apenas dessa variável.
Tente informar-se antes de entrar. Pode até ser que consiga dissuadir, através de argumentos válidos, a pessoa que o está a aliciar.
8- Não acredite em nada do que eu digo
Posso estar a querer enganá-lo com esta argumentação toda. Por isso, contacte as autoridades reguladoras.
Se tiver dúvidas sobre a legalidade da proposta, contacte a DECO (Associação de Defesa do Consumidor: http://www.deco.proteste.pt/
Faça-lhes um telefonema, mesmo que não seja sócio. Tem direito a colocar duas perguntas. Explique-lhes o negócio que lhe propuseram e peça-lhe aconselhamento.
tel. 808 200 145 (linha azul)
Contacte a sua repartição de finanças para saber como vai ser tributado. Não aceite receber comissões ser estar inscrito como trabalhador independente. Pode ser multado no ano seguinte.
http://www.asae.pt/
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
Av. Conde de Valbom, 98
1050-070 Lisboa
Tel 21 798 3600
Fax 21 798 3654
Email: correio.asae@asae.pt